Estudo analisa os mecanismos por trás da resistência à morte em células tumorais

O capixaba de Rio Novo do Sul, Espírito Santo, Glenerson Baptista, 22 anos, sempre pensou em ser cientista e viu na UENF uma porta para o conhecimento de qualidade. Apesar do sonho, precisou de incentivos que vieram da família e de antigos professores do ensino médio.

“Pesquisando por universidades que ofertavam os cursos que me interessavam, a UENF se destacou por ser referência de ensino na área biológica, além de ser a primeira universidade do país a ter todos seus docentes com doutorado. Em 2018, com a aprovação para o curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UENF, meu sonho começou a ganhar forma. Logo no meu primeiro semestre, ingressei na Iniciação Científica (IC), inicialmente como voluntário e em seguida sendo comtemplado com bolsa concedida pelo PIBIC/UENF”, informou o estudante.

Glenerson relata que a grande oportunidade se tornou ainda mais especial devido ao fato do projeto de IC ser voltado para a área oncológica, um tema que, segundo ele, por motivos pessoais, sempre mobilizou seu interesse, perguntas e curiosidades.

“A IC tem sido de extrema importância para minha formação profissional e me incentiva a continuar no caminho da Academia. Consigo ver na prática a teoria, me permitindo conhecer técnicas de bioinformática, microscopia, bioquímica e biologia celular e molecular. Tive a oportunidade de apresentar meu trabalho de IC em eventos locais e em outros estados, como Minas Gerais e Paraná, o que também me permitiu ter contato com grandes pesquisadores, que por meio de seus trabalhos, desenvolvem Ciência para o desenvolvimento da sociedade”, ressaltou.


Conheça a pesquisa

Glenerson Baptista desenvolve seu projeto de Iniciação Científica no Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT), no Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB), sob a orientação do professor Arnoldo Rocha Façanha e coorientação da pós-doutoranda Juliana do Couto Vieira. A pesquisa busca entender os mecanismos por trás da resistência à morte em células tumorais, a fim de desenvolver estratégias que permitam uma melhor eficácia dos quimioterápicos usados no tratamento de câncer.

“A proteína p53 é considerada a “guardiã do genoma”, uma vez que esta proteína evita a propagação de células geneticamente defeituosas. Porém, mais da metade dos tumores humanos carregam mutações na própria p53, levando a sua perda de função. Com isso, essas células tumorais com proteínas p53 defeituosas acumulam erros no DNA e são resistentes à morte, dificultando a ação de drogas quimioterápicas”, informou.

Glenerson informou ainda que vem estudando outra proteína de isoformas de SERCA, que participa
da regulação de cálcio (Ca2+) um íon regulador do metabolismo celular.

“Quando a célula sofre algum estresse, como por exemplo, a ação de quimioterápico, p53 ativa SERCA, induzindo “ondas” de Ca2+ (oscilações espaço-temporalmente controladas deste íon) dentro da célula que culminam na morte celular por apoptose. Contudo, células tumorais com perda de função de p53 apresentam uma imortalidade celular. No nosso estudo, buscamos entender o papel das proteínas de isoformas de SERCA nos mecanismos de quimiorresistência associados à perda de p53. Almejamos descobrir se a modulação de isoformas poderia re-sensibilizar células que foram imortalizadas pela perda de p53, ou seja, se existe um padrão de expressão e/ou atividade dessa proteína. Isso poderia, por exemplo, auxiliar na adoção de novas estratégias de ação para uso de quimioterápicos já usados no tratamento do câncer, bem como abrir novas perspectivas para o design de novos medicamentos mais eficientes” conclui o estudante.

Por Jane Ribeiro

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