Estudo das espécies paramagnéticas em exoesqueleto de mexilhão Perna perna

Sem o incentivo da família e muita determinação ela não teria chegado até a UENF. Foi assim que a estudante Thaluana Silva Gonçalves, 22 anos, de Marataízes, interior do Espírito Santo resumiu a sua chegada à UENF. Ainda adolescente, vinda de uma escola pública, viu a UENF como um lugar de grandes oportunidades. Atualmente ela cursa Licenciatura em Física na UENF.

“A Universidade me foi apresentada por um professor do ensino médio, Carlos, que uma vez me disse que eu devia me inscrever para UENF, pois seria uma grande oportunidade para mim. A Iniciação Científica me foi apresentada já no segundo período pelo atual coordenador do curso de Física, professor Roberto Faria. Fiquei encantada com tantos conhecimentos e não pude desprezar essa oportunidade”, disse ela.

A oportunidade foi logo absorvida pela estudante que sempre pensou em reverter seus conhecimentos em bens e serviços para a sociedade. Para ela a IC possibilita experiência e um peso positivo para a carreira profissional além de auxiliar nas disciplinas da Universidade.

“A IC foi imprescindível para minha vida, pois por meio dela pude não somente aprender sobre minha
pesquisa, mas também me sentir útil. Pela IC tive a oportunidade de apresentar por três vezes meu trabalho no Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT), que ocorreu na UENF nos anos de 2017, 2018 e 2019. Futuramente pretendo cursar a Pós-Graduação e continuar adquirindo conhecimento, acredito que permanecerei na mesma área, pois me sinto realizada”, declarou a estudante.


Conheça a pesquisa

A pesquisa elaborada pela estudante Thaluana Silva Gonçalves é desenvolvida no Laboratório de Ciências Físicas (LCFIS), no Centro de Ciência e Tecnologia (CCT), sob a orientação do professor Roberto Weider de Assis Franco. A pesquisa é realizada em colaboração com a professora Ana Paula Di Beneditto do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA). Fomos aos laboratórios do CCT e conhecemos alguns professores e suas linhas de pesquisa. A pesquisa intitula-se “Estudo das espécies paramagnéticas em exoesqueleto de Mexilhão Perna perna” e tem por objetivo contribuir para o conhecimento do mexilhão Perna perna, fundamentado na identificação das espécies paramagnéticas presentes no exoesqueleto destes animais, e na relação entre estas espécies e o seu habitat.

“É uma pesquisa bem detalhada do mexilhão Perna perna que é um bioinvasor e está distribuído geograficamente por quase todo o litoral brasileiro. É uma notável fonte de renda, um prato muito apreciado na culinária, e uma das espécies mais cultivadas no Brasil atualmente”, informou.

A estudante lembra ainda que o exoesqueleto é formado por conchiolina, que é secretada pelo molus
co e intercalada por cristais de carbonato de cálcio (CaCO 3). No decorrer do processo de cristalização do CaCO 3, além do cálcio (Ca2+) outros elementos podem ser incorporados na estrutura, como ferro (Fe3+), manganês (Mn2+) e cobre (Cu2+), devido ao animal se alimentar por filtração e, isso faz com que os mexilhões possam ser utilizados como bioindicadores de poluição.

“Foram selecionadas 100 amostras, de cinco locais de coleta no Rio de Janeiro. As amostras são provenientes de regiões marinhas com e sem influência de água doce para a análise da relação entre as espécies paramagnéticas e seu habitat. Elas são íons ou moléculas com elétrons desemparelhados (sem o par com spin oposto), presente no exoesqueleto de cada mexilhão. Até o presente momento foi possível definir que todos os grupos apresentam a estrutura cristalina de aragonita. Todas as amostras possuem ferro (Fe3+) e manganês (Mn2+) em sua estrutura, indicando que estas duas espécies paramagnéticas são absorvidas da mesma forma, em qualquer um dos estágios de crescimento analisados. Em nenhuma das amostras analisadas foi detectado espectro de cobre (Cu2+), que é um dos íons prováveis de serem detectados. Contrariando a literatura, a concentração de Mn2+ é independente da influência de água doce. As concentrações de Fe e Mn não estão correlacionadas e são independentes da forma das conchas” finalizou a estudante.

Por Jane Ribeiro

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