O combate contra o uso excessivo de produtos químicos no controle de insetos indesejáveis

O controle biológico — O professor Richard Ian Samuels, do Laboratório de Entomologia e Fito­patologia (LEF) do Centro de Ciências e Tecnolo­gias Agropecuárias (CCTA), desenvolve pesquisas para tratar do uso excessivo de produtos quími­cos no controle de insetos indesejáveis; esse uso indiscriminado vem causando desequilíbrios am­bientais, com extinções de insetos benéficos e au­mento de populações de pragas e vetores resis­tentes. O professor vem pesquisando estratégias para reduzir estas populações usando o controle biológico.

“Não é sustentável aplicar cada vez mais toxinas ao meio ambiente. Igualmente, o controle de ve­tores de doenças baseado em aplicações de larvi­cidas e adulticidas químicos obviamente não está tendo o efeito desejado, que seria a redução de epidemias de dengue, Zika e chikungunya. Atual­mente o estado de Rio de Janeiro enfrenta uma epidemia de chikungunya, com milhares de pes­soas acometidas. Na UENF, estamos pesquisando o potencial de fungos entomopatogênicos para o controle de todas as fases do ciclo de vida do mosquito. Nós mostramos que os esporos dos fungos são altamente virulentos contra as larvas de Aedes.”, informou o professor.

Armadilha como forma de atração — Com o objetivo de diminuir a população adulta de mos­quitos para níveis que não permitam a rápida dis­seminação de doenças, o professor e sua equipe desenvolvem um sistema simples de armadilha atrativa para os mosquitos. Trata-se de uma gar­rafa PET que atua como suporte para um pano preto impregnado com fungo. “O pano preto de algodão atrai mosquitos, que gostam de pousar nessa superfície escura e subsequentemente se infectam com fungo e morrem. Testes iniciais em salas que simulam habitações humanas mos­traram que, após uma semana, apenas 20% dos mosquitos sobreviveram, enquanto que a sobre­vivência do controle foi sempre superior a 80%. Esses resultados foram ainda melhores quando usamos um atraente sintético (AtrAedes®) nas ar­madilhas PET”, relatou.

Novos testes — Essa nova estratégia está sendo testada pelo professor Richard, num condomínio perto da UENF. As populações de mosquitos es­tão sendo monitoradas em trinta apartamentos. Usando armadilhas chamadas “ovitrampas” onde o número de ovos de Aedes é contabilizado toda semana. Metade dos apartamentos tem armadi­lhas PET com fungos, enquanto a outra metade tem armadilhas PET sem fungo. “A contagem de ovos mostra que os apartamentos com arma­dilhas impregnadas com fungos tem números significativamente menores de ovos do que os apartamentos controle. Este projeto envolve os moradores daquele condomínio, possibilitando o engajamento direto das pessoas. O contato com os residentes voluntários também nos dá a opor­tunidade de explicar como eles podem contribuir para reduzir as doenças transmitidas por mos­quitos por meio do descarte cuidadoso do lixo e da retirada de quaisquer recipientes de água que possam ser usados por mosquitos como locais de criação”, conclui.

 Por Jane Ribeiro

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