Pesquisa analisa a diversidade de polinizadores em florestas, cidades e áreas agrícolas

Polinizadores e sustentabilidade – Como for­ma de obter recursos para sua sobrevivência, as abelhas necessitam das flores. É devido a essa dependência que esses insetos se tornam os mais importantes polinizadores das plantas nos diversos ecossistemas. Apesar do imprescindível papel que desempenham como polinizadores de plantas sil­vestres e cultivadas, as abelhas estão em situação de ameaça devido a fatores como contaminação por agrotóxicos, perda de hábitat e fragmentação florestal. No Brasil são cerca de 1500 espécies, em­bora somente uma delas seja a mais conhecida pela população em geral.

O projeto “Polinizadores da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro: diversidade e interações ecológicas abelhas-plantas”, desenvolvido pela professora Ma­ria Cristina Gaglianone, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), do Centro de Biociências e Bio­tecnologia (CBB), com apoio do CNPq e da FAPERJ através do Programa Cientista do Nosso Estado, vai de encontro com a Agenda 2030. Ele aborda a conservação de recursos naturais nos ecossistemas terrestres, e que tem relação direta com a conser­vação da biodiversidade e da produção agrícola sus­tentável.

“Desde 2002 quando cheguei a UENF estabeleci uma linha de pesquisa em ecologia de abelhas e po­linização, que tem como objetivo descrever as co­munidades de abelhas em fragmentos de vegetação nativa na Mata Atlântica, em florestas ombrófilas e semideciduais e restingas. A partir do conhecimento das espécies ocorrentes nos diversos ecossistemas e das plantas que elas utilizam, é possível enten­der os efeitos dos processos antrópicos sobre estas comunidades e propor medidas de manejo para a conservação desses polinizadores e da flora nativa”, informou a professora.

Centris tarsata, uma abelha polinizadora do murici-da- -praia, planta muito comum nas restingas costeiras.

Em áreas urbanas e agrícolas – A professora Ma­ria Cristina esclarece ainda que a pesquisa visa analisar as interações ecológicas das espécies de abelhas mais abundantes nos ecossistemas da região, utilizando dados obtidos em campo através de coletas e análise do pólen transportado pelas abelhas, que nos informam as espécies de plantas visitadas. Além do estudo em áreas florestais, o projeto “Interações entre abelhas e plantas em uma paisagem heterogênea na Mata Atlântica” também aborda as abelhas e a polinização nas áreas urba­nas, buscando sugerir práticas que favoreçam a in­tegração do ecossistema urbano em uma paisagem mais amigável aos polinizadores.

“Neste contexto, outros projetos de pesquisa de­senvolvidos pela minha equipe se preocupam com a manutenção dos polinizadores em áreas agríco­las, a fim de aumentar a produtividade de frutos e sementes. Neste tema, temos integrado equipes multidisciplinares voltadas para a conservação da biodiversidade de polinizadores em cultivos agríco­las de grande expressão econômica e social e en­volvimento da agricultura familiar, como um projeto em desenvolvimento atualmente sobre os poliniza­dores do cafeeiro, em uma parceria público privada entre o CNPq e a Associação A.B.E.L.H.A”, finaliza a pesquisadora.

Por Jane Ribeiro

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