Pesquisa aponta as desigualdades socioespaciais em Campos dos Goytacazes e localidades vizinhas

Processo de urbanização — O projeto desenvolvido pela professora Teresa de Jesus Peixoto Faria, do Laboratório de Estudos do Espaço, do Centro de Ciências do Homem (CCH), apresenta um estudo histórico do processo de formação e urbanização das cidades das regiões Norte e Noroeste Fluminense, identificando os diferentes períodos de suas transformações socioespaciais, os principais atores e fatores que concorreram para estruturar a atual configuração urbana das principais cidades da região, em particular Campos dos Goytacazes.

O estudo, segundo a professora, tem o foco nos processos que, implícita ou explicitamente, contribuíram para as desigualdades socioespaciais observadas nessas cidades. “É necessário sublinhar que a região norte fluminense, cuja principal atividade econômica preponderante fora a agroindústria sucroaalcooleira, vem sofrendo diversas transformações na sua economia. Com a descoberta e exploração de petróleo e gás, os municípios de Macaé, Carapebus, Quissamã, Campos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco do Itabapoana, configuraram a Bacia de Campos, uma das maiores produtoras de petróleo do Brasil. Ademais, Grandes Projetos de Investimento (GPIs) – construção do Complexo Industrial do Porto no Açu, em São João da Barra, estaleiro em Barra do Furado (Campos dos Goytacazes e Quissamã) – estão sendo implantados na região”, informou.

Problemas urbanos — Os impactos econômicos, sociais, territoriais, ambientais e urbanos que se refletem em toda a região estão no centro dos interesses dos estudos apresentados. Teresa relata que os principais problemas urbanos e sociais já existentes e que podem ser exacerbados são: verticalização e adensamento de áreas centrais privilegiadas, segregação, fragmentação, periferização, periurbanização, desigualdades e injustiças socioespaciais.

“Esses processos se materializam na presença de condomínios residenciais verticais de alto e médio padrão concentrados nas áreas centrais; de condomínios residenciais horizontais fechados e de loteamentos, de diferentes padrões construtivos, nos espaços periféricos e periurbanos; de favelas e de conjuntos habitacionais populares do Programa Morar Feliz (2009-2016) também nas áreas periféricas e periurbanas, inclusive nos distritos municipais. Tudo isso concorrendo para um processo de expansão urbana acelerada, e desordenada, voltada principalmente para os interesses do grande capital, ampliando o processo de periferização, segregação, fragmentação, ao mesmo tempo em que criam novas centralidades”, informou a pesquisadora.

Conclusão — A pesquisa enfatiza ainda que um dos efeitos atuais do processo de urbanização é o fenômeno de metropolização. “O estudo apresentado, por se dedicar especialmente à cidade de Campos dos Goytacazes, cidade média do interior do Rio de Janeiro, cujo território, morfologia urbana e social têm se transformado em função das necessidades dos grandes empreendimentos, implicando relações com outros municípios, pode contribuir para a compreensão das dinâmicas e dos processos econômicos, sociais e espaciais atinentes às cidades intermediárias, a partir de um contexto socio-histórico singular”, finaliza a professora.

Por Jane Ribeiro

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