Pesquisa desenvolve técnicas para o cultivo da goiabeira

Desenvolvimento Técnico — As frutas brasileiras, com suas cores, aromas e sabores marcantes representam uma riqueza para exploração econômica. A pesquisa da professora Cláudia Sales Marinho, do Laboratório de Fitotecnia (LFIT), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), desenvolve técnicas para o cultivo da goiabeira, da produção da muda ao manejo da cultura no campo. Em uma dessas abordagens são propostas técnicas para gerar plantas resistentes a pragas e doenças que prejudicam a produção da fruta.

“A goiaba é uma fruta de valor nutricional excepcional de grande destaque nos mercados nacional e internacional. O volume comercializado ainda é considerado pequeno, quando comparado com o de outras frutas como a banana e o mamão, comumente encontradas e muito apreciadas na dieta dos brasileiros, que ainda é pobre em alimentos frescos de alto valor nutricional”, informou a pesquisadora.

Comercialização — Sabe-se que a goiabicultura movimenta os comércios locais de frutas frescas e impulsiona as agroindústrias que produzem goiabadas, compotas, sucos pasteurizados, sorvetes e geleias. Cria empregos e uma identidade local como é o caso do Norte do Rio de Janeiro, conhecido como a terra da goiabada cascão. A professora Cláudia Marinho relata que apesar desse destaque, os pomares fluminenses de goiaba foram atingidos por uma praga de grave importância.

“A praga é um fitonematoide (tipo de verme que ataca o sistema radicular das plantas) que parasita a goiabeira, reduz a produção e a qualidade dos frutos, podendo resultar na erradicação de pomares e na infestação das áreas produtoras. Devido ao efeito devastador dessa praga, muitos agricultores estão deixando de produzir goiabas e as indústrias locais já sentem falta dessa matéria prima”, informou.

Novas técnicas — Diante desse diagnóstico, um grupo de trabalho constituído pelos professores da UENF Cláudia Marinho, Ricardo Moreira de Souza, nematologista, e Alexandre Pio Viana, melhorista, tem direcionado cruzamentos para a produção de plantas híbridas e resistentes à praga mencionada.

“Sabendo que a muda é um importante meio de disseminação de pragas e doenças, também estamos adaptando várias técnicas para a produção de mudas de goiabeiras em ambiente protegido, onde o controle fitossanitário é mais eficiente. Além disso, estabelecemos uma coleção de araçazeiros, que são parentes próximos da goiabeira, com o objetivo de identificar fontes de resistência ao nematoide. Essas plantas possuem características genéticas da resistência dos araçazeiros e maior proximidade com as cultivares de copas de goiabeiras. Passamos, então, a trabalhar com a técnica de enxertia. Por essa técnica formamos mudas com o sistema radicular de um araçazeiro híbrido (resistente à praga do solo) e com a copa de goiabeiras tradicionalmente cultivadas”, disse a professora.

Resultados positivos — O programa de Iniciação Científica da UENF, segundo a pesquisadora, possibilitou que muitos alunos participassem ativamente dessas pesquisas, ao longo de mais de 11 anos, trabalhando em conjunto também com a pós-graduação. Dessa forma, eles desempenharam muitas vezes papeis de protagonistas.

“O objetivo de todos os envolvidos é que o cultivo da goiabeira continue propiciando renda para os agricultores e mais saúde para toda a população. Os novos pesquisadores formados fomentam a expectativa de que no futuro novos obstáculos possam ser vencidos”, concluiu.

Por Jane Ribeiro

Retornar à home da Revista