Dissertações de Mestrado 2017 – LUCAS VENANCIO WAKED

Resumo
A Estaca Hélice Contínua – EHC é atualmente um dos tipos de fundação profunda mais executadas no Brasil, devido, sobretudo, à produtividade, ao baixo impacto na vizinhança e ao custo-benefício. No entanto, o entendimento dos mecanismos de transferência de carga desse tipo de fundação ainda é limitado. Normalmente, o comportamento das EHC é determinado a partir da observação de resultados de provas de carga estáticas, testes de carga dinâmicos e, muito eventualmente, monitoramento de recalques. Destaca-se que tais bases de dados são sujeitas a interpretações que normalmente envolvem simplificações ou estão limitadas às condições de contorno e de carregamento de cada procedimento, que são, fundamentalmente, diferentes das condições reais de campo. Nesse sentido, o presente trabalho tem com o objetivo estudar os mecanismos de transferência de carga de EHC em um caso real de obra, durante o processo de construção. Para isso, faz-se o monitoramento de quatro estacas de uma obra de 19 pavimentos localizada em Campos-RJ, assentadas em depósito sedimentar arenoso com intercalações de solo argiloso compressível. A instrumentação é feita em diferentes profundidades através de hastes de deslocamento (telltales) e extensômetros elétricos (straingages). São apresentados o processo de montagem e instalação dos instrumentos bem como os procedimentos para aquisição e tratamento dos dados durante 451 dias de construção. Um programa de ensaios para caracterização das propriedades do concreto das estacas e o monitoramento de recalques complementam a interpretação dos dados. É apresentada a distribuição das deformações do elemento estrutural ao longo das estacas, a mobilização de carga de ponta e fuste e a mobilizada por atrito lateral. Os resultados obtidos são comparados com previsões a partir da teoria da elasticidade e resultados de ensaios dinâmicos – PDA. Das análises realizadas foi possível observar como se desenvolvem os mecanismos de transferência de carga durante a construção da obra. Verificou-se que a presença de cama da de solo mole interferiu significativamente na interação solo-estaca e que a posição relativa da estaca na obra é um dos principais condicionantes de comportamento. Conclui-se principalmente, que os mecanismos de interação solo-estaca são complexos e dependem de fatores de difícil controle, sendo necessários outros casos de obra monitoradas para melhor compreensão de tais mecanismos.

 

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