Campos dos Goytacazes, terça, 28 de fevereiro de 2012 – Número 3.027
Doutorando da UENF estava na Antártica
Pesquisador ajudou na tentativa de controle do incêndio que destruiu a base brasileira e matou dois militares

O doutorando da UENF Bruno Pereira Masi, 32 anos, era um dos pesquisadores presentes à estação brasileira na Antártica no momento do incêndio que matou dois militares da Marinha e destruiu a base, na madrugada do último sábado, 25/02/12. Bruno, que está concluindo o doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela UENF, é instrutor de mergulho no gelo e colaborou diretamente com as tentativas de controle do incêndio.
– Na hora, coloquei a roupa de mergulho e fui ajudar a ligar a bomba, mas infelizmente não adiantou. Os pesquisadores já estavam a salvo, mas os dois militares que morreram no incêndio ainda tentavam salvar a estação. Tudo o que foi possível fazer foi feito – contou o pesquisador, muito abatido, em relato à Assessoria de Comunicação da UENF logo ao chegar a Campos, na tarde desta terça, 28.
Aos 32 anos, Bruno Masi estava na Antártica pela segunda vez – a primeira tinha sido em 2011. Ele chegou à base brasileira entre 08 e 09 de fevereiro e tinha retorno previsto para o período entre 06 e 08 de março. O pesquisador participava de um projeto coordenado pelo seu orientador de doutorado, Ricardo Coutinho. Ricardo pertence ao Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), sediado em Arraial do Cabo (RJ), mas é credenciado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UENF. Na UENF, Bruno desenvolve pesquisas sobre bioincrustação e tem a coorientação da professora Ilana Rosental Zalmon, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA/CBB).
Segundo Bruno, o projeto na Antártica tinha três objetivos específicos: coletar algas para extrair e testar substâncias com vistas a possíveis fins farmacêuticos; estudar aspectos teóricos sobre herbivoria envolvendo o organismo chamado Nacella sp (um gastrópode macroinvertebrado muito abundante por lá); e realizar estudos sobre corrosão e bioincrustação, mediante testes com placas de aço carbono e aço inox imersas no local.
– Testávamos qual material teria maior ou menor corrosão, além de estudar que espécies e quantidades de organismos se incrustam em cada tipo de material.
A equipe tinha encontrado as duas estruturas mergulhadas no local previsto, a 20 metros de profundidade, e se preparava para trocar uma das placas de aço e fotografar a outra. Eles chegaram também a montar o experimento de herbivoria e a coletar algumas algas; tudo foi perdido.
– Mas isso aí foi o de menos! – frisa o pesquisador, lamentando a morte do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do sargento Roberto Lopes dos Santos.
Solidariedade sem bandeiras
Bruno Masi conta que os brasileiros que dividiam o espaço da estação na Antártica – cerca de 50 pessoas – pertenciam a três grupos: o dos pesquisadores, o pessoal da Marinha encarregado da manutenção da base e outro grupo da Marinha preparado para dar apoio e segurança às atividades dos cientistas. O incêndio começou na madrugada, entre 1h e 2h, quando todos estavam na estação.
Com a generalização do incêndio, os pesquisadores se abrigaram no contêiner da química – uma espécie de anexo que concentrava os estudos específicos dessa área. Bruno conta que os pesquisadores foram resgatados por helicópteros da base chilena e que tiveram ajuda de poloneses e de argentinos, além de um médico russo, que socorreu o primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros, vítima de queimaduras nas mãos.
As estações de outros países não são próximas do ponto de vista visual. A polonesa, por exemplo, que é uma das mais próximas, fica a mais ou menos uma hora de bote.
– Os grupos não deixaram nada a desejar, as pesquisas estavam andando da melhor maneira possível – lamenta-se Bruno.
Outro pesquisador da UENF, Marcos Salomão, também esteve na estação brasileira na Antártica em 2008. Salomão, que é campista, hoje é professor do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB).
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