Insuficiência renal crônica

Livro ajuda paciente renal crônico a ter uma alimentação adequada, diversificada e, ao mesmo tempo, saborosa

Hipertensos e portadores de diabetes devem ter atenção redobrada à possibilidade de desenvolver a insuficiência renal crônica — doença que, nos estágios mais avançados, pode levar o paciente à necessidade de filtragem artificial do sangue (hemodiálise) ou transplante. Uma pesquisa feita na UENF com 104 pacientes renais constatou que a causa da insuficiência renal, em 49% deles, era a hipertensão arterial, e em 36,5%, o diabetes tipo 2. A pesquisa foi feita pela mestranda Neila Faber da Silva, sob orientação da professora Karla Silva Ferreira, do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA).

— Portanto, quem sofre de hipertensão ou diabetes deve seguir rigorosamente as recomendações do médico, usando regularmente os medicamentos recomendados e adotando hábitos de vida saudáveis para controlar estes problemas, como boa alimentação e atividade física regular — afirma a professora Karla, que deverá lançar, ainda este mês, um livro de receitas com informações nutricionais para facilitar e melhorar a alimentação destes pacientes.

Intitulado ‘Alimentação adequada e qualidade de vida na doença renal crônica: receitas com informação nutricional’, o livro pretende ajudar o paciente renal crônico a ter uma alimentação adequada, diversificada e saborosa.  Com lançamento previsto para este mês, o livro também ficará disponível na internet.

Segundo Karla, a doença renal crônica se caracteriza pela presença de dano renal ou redução da função renal por um período igual ou superior a três meses, independentemente das causas. Inicialmente, pode não apresentar sintomas. Como uma doença crônica, ela vai se agravando com o decorrer do tempo. Quanto mais cedo a insuficiência renal for diagnosticada, mas rápido e eficaz será o tratamento.

— É possível, por exemplo, retardar a progressão da doença, adiando o início da hemodiálise, o que trará ganhos para a qualidade de vida do paciente e redução de custos do sistema público de saúde. Mas para isso é preciso que a pessoa siga uma dieta adequada. Neste estádio, há a necessidade de rigoroso controle na ingestão de proteínas, fósforo e potássio. O excesso de proteína contribui para acelerar a deterioração da função renal — explica.

Segundo a professora, a maior parte dos alimentos possui elevados teores de fósforo e de potássio, como, por exemplo, o feijão, os diversos tipos de batatas, o inhame e muitas outras hortaliças, frutas, refrigerantes e carnes. Por este motivo, a dieta para estas pessoas é difícil de ser seguida. O excesso de fósforo, por exemplo, pode dar origem a problemas cardíacos nestes pacientes. E o de potássio, a morte repentina.

— Manifestações cardíacas são mais perigosas e frequentes quando a concentração plasmática de potássio ultrapassa 8,0 mEq/l. Quando isto ocorre, o paciente pode apresentar bradicardia, hipotensão, fibrilação ventricular e parada cardíaca — explica. O contrário ocorre com o cálcio, cuja absorção é limitada, devendo, portanto, ter seu consumo aumentado.

Após o paciente ter entrado em hemodiálise, a dieta pode ser mais liberal quanto aos teores de proteína. Entretanto, este terá sua vida mais restrita, o que faz com que os portadores desta doença sofram com a necessidade de constantes visitas ao médico, sessões semanais de hemodiálise (que duram em torno de quatro horas) além das restrições alimentares, fatores que desestruturam sua rotina e comprometem a qualidade de vida.

— Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 90% das pessoas não sabem que têm o problema, já que não há sintomas aparentes nos primeiros estágios. Isso leva, na maioria dos casos, ao diagnóstico tardio, quando há insuficiência renal avançada e já é necessário fazer diálise ou transplante — diz.

Se quiser saber mais, veja o conteúdo do livro Alimentação adequada e qualidade de vida na doença renal crônica, que será publicado em breve.

Fúlvia D’Alessandri
Letícia Barroso