Campos dos Goytacazes, sexta-feira, 12 de abril de 2013 – Nº 3.141
Índios e quilombolas na pauta de estudantes de Agronomia
Tema será debatido durante o 56º Congresso Nacional de Estudantes de Agronomia, que ocorrerá na UENF de 09 a 15/09/13
Nos últimos anos, os conflitos por terra envolvendo índios e quilombolas vêm crescendo muito no país, em grande parte devido ao avanço das fronteiras agrícolas. Durante sete dias, estudantes de agronomia de todo o Brasil vão discutir os vários aspectos deste problema em Campos dos Goytacazes (RJ), durante o 56º Congresso Nacional de Estudantes de Agronomia. Promovido pelo Centro Acadêmico de Agronomia “Seu Juvenal” e a Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), o Congresso será realizado no Centro de Convenções da UENF, de 09 a 15/09/13.
— O estudante de agronomia não pode se limitar à parte técnica da profissão. Ele tem que estar antenado com as questões sociais e buscar compreender o seu papel nesse contexto — diz o estudante de Agronomia da UENF Lucas Moretz-Sohn, que participa da Comissão Organizadora do evento ao lado de outras 12 pessoas.
Ele observa que a escolha do tema é emblemática para Campos dos Goytacazes, uma vez que o município, embora tenha o nome de uma tribo indígena, passou por um processo de dizimação total de seus primeiros povos: os índios Goitacá. Na escolha do tema, também pesou o fato de a UENF ter sido idealizada por Darcy Ribeiro, um dos maiores estudiosos da questão indígena brasileira.
O Congresso conta com o apoio da Reitoria da UENF, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da UENF (NEABI) e coordenação do curso de Agronomia. Terá ainda o patrocínio da Secretaria Municipal de Agricultura de Campos, acertado na última quarta-feira, 03/04, em reunião com a presença do secretário municipal de Agricultura, Eduardo Crespo; do chefe de Gabinete da Reitoria da UENF, Manuel Vazquez Vidal Júnior; além de Lucas Moretz-Sohn.
— O secretário gostou muito da proposta do Congresso e se comprometeu a bancar a alimentação dos participantes e o aluguel de banheiros químicos para os eventos culturais que irão ocorrer paralelamente à programação acadêmica — disse Lucas, que vem tentando também o apoio de outros órgãos e entidades, como os Ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente (MDA e MMA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional do Índio (Funai), Conselho Indigenista Missionário, Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro(Senge-RJ) e Associação dos Engenheiros Agrônomos (do Rio de Janeiro e do Distrito Federal). Já está confirmado o apoio das representações locais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Esta será a primeira vez que o congresso ocorrerá em Campos. O último, realizado no ano passado, teve como sede a cidade de Cruz das Almas, na Bahia; e o de 2011 foi realizado em Belém. As inscrições deverão ter início a partir de maio. Até o momento, já estão confirmadas as presenças de Givânia Maria da Silva, que coordena a política de regularização dos territórios quilombolas no INCRA e é membro-fundador da coordenação nacional das comunidades quilombolas (CONAQ); Mércio Pereira Gomes, professor do curso de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e de Epistemologia na UFRJ, ex-presidente da FUNAI (2003-2007) e representante brasileiro na elaboração da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas (2007); Paulo Frederico Petersen, agrônomo, coordenador-executivo da ASPTA – Agricultura Familiar e Agroecologia e vice-presidente da ABA-Agroecologia (Associação Brasileira de Agroecologia); Edmilton Cerqueira, diretor para Povos e Comunidades Tradicionais do MDA; além de Ramon de Paula Neves, agrônomo, formado na UENF no ano de 2010, e hoje é Indigenista no setor de Etnodesenvolvimento na Fundação Nacional do Índio – Coordenação Regional de Tucumã-PA.
Para saber mais, consulte a página do Congresso.
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