Dissertações de Mestrado 2018 – FABRÍCIO LIMA BARBOSA

Resumo

A demanda por materiais com menor impacto ambiental tem motivado diversas pesquisas sobre o emprego de resíduos agroindústriais em argamassas e concretos. A cinza do bagaço de cana-de-açúcar (CBCA) se mostra como um material promissor neste aspecto, pelo seu potencial pozolânico e sua abundância em países como Brasil. Entretanto, a eficiência da CBCA como pozolana está altamente relacionada ao teor de sílica presente na cinza e à sua morfologia. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo estudar a influência de CBCAs com diferentes composições química e mineralógica na cinética de hidratação e retração autógena de sistemas cimentícios. Foram estudadas quatro cinzas do bagaço de cana-de-açúcar com características distintas, e também o uso de material inerte (quartzo) e uma cinza da casca de arroz (CCA) de elevada reatividade, para fins de comparação. Todos os materiais foram caracterizados por ensaios de composição de óxidos, perda ao fogo, superfície específica BET, difratrometria de raios X/Rietveld, fração solúvel e atividade pozolânica por condutividade elétrica. Os resultados comprovaram as diferentes composições dos materiais. Subsequentemente, foi realizado um estudo de hidratação em pastas com relação a/mc de 0,35 e teor de substituição de cimento por adição mineral de 20% (em massa). A hidratação das pastas foi avaliada por meio de calorimetria isotérmica, retração química e difratrometria de raios X/Rietveld. Os resultados mostraram que o uso de adições minerais proporcionou mudanças na cinética de hidratação, e dois comportamentos diferentes foram observados. As CBCAs com baixo teor de sílica amorfa, maior presença de contaminantes e baixa área superficial se comportaram de forma semelhante ao quartzo, atuando como material fíler, enquanto as CBCAs com maiores teores de sílica amorfa, menos contaminantes e elevada superfície específica se comportaram como a CCA de elevada pozolanicidade. Por fim, foi realizado estudo de retração autógena e resistência mecânica em microconcretos. Os resultados mostraram que o uso de cinzas reativas aumentou a retração autógena e proporcionou ganho de resistência mecânica, em virtude do consumo da portlandita pelas reações pozolânicas e o provável refinamento de poros do sistema.

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