Estudo investiga a presença de bactérias resistentes a antibióticos em pisciculturas ornamentais

Cuidar dos animais sempre foi o sonho de infância da estudante Alice de Almeida Vaillant, 23 anos, natural de Campos dos Goytacazes. Seu principal objetivo desde o Ensino Médio foi cursar Medicina Veterinária na UENF.

“Por ser a universidade mais relevante do Estado do Rio de Janeiro, a UENF foi e sempre será o sonho de qualquer jovem que quer ingressar na graduação. Logo no primeiro período percebi que Medicina Veterinária é um curso muito amplo e tive bastante dificuldade em determinar qual caminho seguir. Ao decorrer dos semestres fui me interessando por áreas que não sabia que existia dentro do meu curso. Isso permitiu que eu conhecesse o laboratório onde hoje atuo e em seguida iniciasse minha bolsa de Iniciação Científica trabalhando na área de microbiologia. No início tive algumas dificuldades por ser uma área totalmente nova para mim, mas tive muita ajuda do pessoal técnico que trabalha na rotina do Hospital Veterinário da UENF”, declarou.

Alice diz que a IC representa pra ela a porta que se abriu para um novo caminho dentro da Medicina Veterinária.

“Percebi que existe um leque muito extenso de possibilidades dentro do curso e o projeto de pesquisa me ajudou a perceber a importância do médico veterinário atuando da saúde pública. Isso, sem dúvida, me fez querer seguir esse caminho. Além disso, eu gostaria de prosseguir nos estudos e fazer uma Pós-Graduação. Acredito que é uma área com bastante potencial de crescimento e que cada vez mais as pessoas reconhecem a importância do médico veterinário trabalhando na saúde pública, principalmente no momento em que estamos vivendo atualmente”, disse ela.

Alice tem dado continuidade a sua pesquisa mesmo estando de quarentena. Ela informou que o seu trabalho é na maior parte do tempo prático e que não foi fácil ficar um tempo afastada.

“Minhas visitas ao laboratório durante a quarentena ficaram restritas por um período, mas aos poucos estamos nos adaptando ao “novo normal” retomando as atividades no laboratório com todos os cuidados necessários, e em casa sempre me atualizando e lendo artigos científicos relacionados à pesquisa”, disse ela.


Conheça a pesquisa

Alice de Almeida Vaillant atua no Laboratório de Sanidade Animal (LSA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), sendo orientada pelo professor Olney Vieira da Motta. Seu projeto de Iniciação Científica pesquisa a presença de bactérias resistentes a antibióticos em pisciculturas ornamentais na região de Campos dos Goytacazes e cidades vizinhas.

“Primeiramente nós visitamos propriedades rurais com atividade aquícola para coleta de amostras da água dos tanques de produção, amostras das cavidades oral, nasal e anal dos animais domésticos que convivem nas propriedades e amostras da água que foi descartada dos tanques. Sempre aplicamos um questionário ao proprietário, a fim de saber quais cuidados com os animais são realizados e se foi utilizado algum antibiótico na produção como tratamento, profilaxia ou como um fator de crescimento para os animais”.

Alice conta ainda que, após a coleta das amostras, elas são devidamente acondicionadas e encaminhadas para o laboratório de bacteriologia na UENF, onde as bactérias são isoladas e devidamente identificadas.

“Após a identificação fazemos o antibiograma, determinando assim o padrão de resistência frente aos diversos antibióticos comumente usados na rotina veterinária. Com o padrão determinado, tentamos identificar os genes de resistência através de PCR. Com os resultados em mãos, podemos fazer o levantamento do número de bactérias resistentes aos fármacos utilizados e futuramente auxiliar os produtores regionais em relação às políticas de meio ambiente. O uso constante e indiscriminado de antimicrobianos é o maior desencadeador do aumento de resistência aos antibióticos e, além disso, as bactérias patogênicas resistentes a múltiplos antibióticos representam uma grande ameaça para o uso terapêutico desses medicamentos tanto na Medicina Veterinária quanto na Medicina Humana”, disse a estudante.

Por Jane Ribeiro

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