Pesquisa analisa as árvores e sua importância ecológica

A UENF nunca esteve nos planos do campista Herick Barreto Monteiro Viana, 33 anos, que cursou o ensino fundamental e médio na escola estadual ISEPAM (FA­ETEC) e atualmente cursa Ciências Biológicas e atua como bolsista de Iniciação Científica no CBB.

Ainda incerto quanto ao futuro e carreira profissio­nal, Herick optou pela graduação em geografia no IFF, onde cursou não mais que três períodos. Aos 24 anos, já manifestando interesse por cultivo e identificação de plantas, ingressou no curso Técnico Florestal no Colégio Agrícola Estadual Antônio Sarlo (FAETEC), na cidade de Campos dos Goytacazes.

Herick conta que através dessa experiência e incentivo de alguns professores se apaixonou pela botânica e pe­los ecossistemas vegetais. “Aos 26 anos, fui aprovado no concurso público temporário e ingressei no serviço de guarda-parques do Rio de Janeiro, pelo Instituto Esta­dual do Ambiente (INEA), onde trabalhei por 4 anos e meio em algumas Unidades de Conservação do Estado. Durante esse convívio fantástico com diversas forma­ções florestais da Mata Atlântica, pude exercitar e am­pliar conhecimentos sobre o tema”.

Herick retornou à vida acadêmica aos 30 anos no Ba­charelado em Ciências Biológicas na UENF, e há três anos vem desenvolvendo um projeto de Iniciação Cien­tífica. “Essa, sem dúvida, tem sido uma das experiências mais gratificantes e importantes da minha vida, cons­truir ciência sobre o campo de estudo que amo. Viajar, explorar e estudar tesouros da flora, almejando e cons­truindo degraus de um futuro profissional onde tais conhecimentos se apliquem em melhorias a natureza e consequentemente aos homens” informou o discente.

Conheça a pesquisa

Herick trabalha em um remanescente florestal nativo e o maior da região do município de São Francisco do Ita­bapoana. Sua pesquisa denominada “Levantamento Fi­tossociológico do Estrato Arbóreo no módulo Rapeld do PPBio Mata Atlântica na Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba, São Francisco de Itabapoana, RJ”, é desenvol­vida no Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) do Cen­tro de Biociências e Biotecnologia (CBB), com orientação do professor Marcelo Trindade Nascimento. O objetivo é identificarmos as árvores ao nível de família, gênero e es­pécie e avaliarmos sua importância.

“Na mata, estabelecemos parcelas seguindo o protocolo do PPBio Mata Atlântica, ou seja parcelas de um hecta­re (250 m x 40 m), e realizamos a medição do tronco e altura total das árvores que estão dentro da parcela. De cada espécie, coletamos ramos com folhas, flores, frutos e pedaços de madeira quando possível. Isso nos ajudará na identificação exata da planta e também usaremos es­ses órgãos vegetais pra confecção de exsicatas, que são ramos dessecados, registrados e devidamente armaze­nados e catalogados em uma coleção, numa espécie de museu, chamado de Herbário, especificamente o HUENF (Herbário do Centro de Biociências e Biotecnologia da UENF)”, esclarece Herick.

O estudante explica ainda que o Herbário guarda os regis­tros e a história dos vegetais de uma determinada região, servindo como base de consulta para a população e para pesquisadores das mais variadas áreas da Ciência. Depois dos dados e materiais coletados em campo, inicia-se a fase de processamento e análise de dados no laboratório.

“Somente após esses dados serem devidamente anali­sados é que vamos entender se existem ou não padrões ecológicos importantes, se a mata está bem preservada ou em processo de regeneração, com as populações de plantas aumentando ou diminuindo. Se a mata possui muitas ou poucas espécies (biodiversidade), se existem espécies raras e ameaçadas, quais espécies arbóreas são as mais abundantes, entre outras informações essenciais para o funcionamento e manejo deste ecossistema. A partir desses conhecimentos podemos, ainda que mini­mamente, contribuir para a preservação de algo impres­cindível para vida em nosso planeta, nossas florestas”, concluiu.

Por Jane Ribeiro

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