Estudo da avaliação da citotoxicidade de um composto de coordenação de cobre denominado H01 sobre linhagens cancerígenas
Lais Nogueira Machado, 21 anos, do 5º período do curso de Ciências Biológicas foi premiada no CONFICT com a pesquisa denominada Avaliação da citotoxicidade de um composto de coordenação de cobre frente à linhagem de células humanas prostáticas neoplásicas PC3.
Lais é campista e cursou o ensino médio na Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins integrado ao curso técnico de análises clínicas, mas o seu sonho era realmente a UENF, que sempre foi uma referência de instituição, tanto que ainda muito nova ingressou na universidade.
“Ainda na primeira semana de aula já comecei a conhecer os diferentes laboratórios e suas linhas de pesquisa e, após alguns meses, ingressei no Laboratório de Biologia do Reconhecer (LBR), do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB). No mesmo ano, fui aprovada no edital de Iniciação Cientifica do PIBIC e me tornei bolsista de IC no segundo período da graduação. O grande desafio é conciliar a vida acadêmica com as pesquisas, a rotina universitária, o cronograma de aulas, trabalhos e provas é avassalador e a rotina laboratorial também não fica para trás.
Lais acredita que a pesquisa não se resume apenas nos experimentos (que são repetidos exaustivamente para que a inferência estatística seja confiável), mas também no estudo diário de artigos e técnicas, com muitos conceitos novos a se aprender.
“Apesar de árdua, a IC é gratificante, as experiências proporcionadas pelo dia a dia no laboratório e o contato direto com outros pesquisadores são cruciais no desenvolvimento pessoal, além de impulsionar o aluno no universo científico, muitas vezes visto como algo distante. Para o futuro pretendo concluir a graduação, me dedicar na publicação deste trabalho como um artigo científico, me candidatar para o mestrado na área de Imunologia e, quem sabe no futuro, conseguir uma bolsa no exterior para cursar meu doutorado, seguindo carreira acadêmica”, relatou a estudante.
Conheça a pesquisa
A pesquisa premiada e elaborada por Laís ocorre no Laboratório de Biologia do Reconhecer (LBR), sob a coorientação da professora Marina Barreto Silva e orientação do professor. Milton Masahiko Kanashiro, chefe do LBR.
“Nossa pesquisa se baseia na avaliação da citotoxicidade de um composto de coordenação de cobre denominado H01 sobre linhagens cancerígenas, principalmente na linhagem PC3 (câncer de próstata). Inicialmente, diferentes linhagens neoplásicas são expostas a variadas concentrações do composto através do método de MTT. Nele analisamos a taxa de viabilidade celular (células vivas) pelo funcionamento da succinato desidrogenase (enzima presente na mitocôndria). A linhagem PC3 apresentou notável sensibilidade ao composto, portanto, essa foi a escolhida para dar prosseguimento aos estudos” relata.
Laís acrescenta que até o momento dois experimentos foram efetuados para investigar a hipótese de apoptose, o sub-G1, que proporciona uma análise do ciclo celular e o JC-1, que analisa a capacidade do composto em induzir a despolarização da membrana mitocondrial.
“Com o ensaio de sub-G1 observamos que o composto foi eficaz em causar o desvio da população para a região de sub-G1, característica de apoptose. Através do ensaio de JC-1 observamos que o composto foi eficaz em causar a despolarização da membrana mitocondrial, o que, agregado ao resultado do sub-G1, demonstra indicativos de morte celular por apoptose pela via intrínseca, com participação dependente da mitocôndria. Outros experimentos são necessários para que a ação do composto H01 seja melhor compreendida, mas sua notável citotoxicidade in vitro incentiva futuros testes, incluindo ensaios in vivo”, finalizou a estudante.
Por Jane Ribeiro