Desigualdade e política social: em que pé estamos?

Em mais um dia de evento, a Profa. Célia Kerstenetzky, PhD em Ciências Políticas e Sociais, compartilhou seus estudos e reflexões a respeito de pautas muito importantes: a desigualdade e a pobreza. Com dados atualizados sobre o contexto histórico, causas e projeções para o futuro, a palestra atraiu, simultaneamente, 276 participantes na plataforma Zoom e 21 no Youtube. Atualmente, a gravação da palestra conta com 103 visualizações no canal Galoá Science, no Youtube.

Profa. Célia Kerstenetzky    

A Profa. Célia iniciou a palestra apresentando um   histórico   do   desenvolvimento   do Brasil. Analisando os   dados   das   últimas três décadas, foi possível notar que o país sempre esteve   muito   próximo   do   mais alto índice de desigualdade e pobreza. “Ao longo dos anos 90, o Brasil chegou a ser considerado o campeão da desigualdade mundial.” diz a professora. Por meio do Índice de Gini, instrumento que mede o nível de desigualdade social em que 0 é o melhor dos quadros e 1 significa o pior, Célia aborda como o país chegou aos níveis indicados pelo gráfico.

Durante os primeiros anos do século XXI, ocorreu uma significativa queda tanto no indicador de pobreza relativa, quanto no indicador de pobreza absoluta. Isso quer dizer que ações importantes foram direcionadas a essa problemática, principalmente no que se refere a ações por parte dos governantes.

Em contrapartida, os dados da Pesquisa Nacional por  Amostra e Domicílio   (PNAD) revelam que, entre 2014 e 2019, os índices voltaram a subir depois de uma queda entre 2012 e 2014, mostrando que, em relação à desigualdade e à pobreza, regredimos.

A culpa é da economia ou da política?

Diversas questões podem explicar essa involução. Segundo a Profa. Célia, “tem várias histórias que podem ser contadas aqui: tem história de natureza política, tem história de raiz na crise econômica e tem as duas coisas misturadas.” É certo que muitos fatores levam à desigualdade, mas   sem   dúvidas, a maneira como os governantes lidam com isso é que influencia nos resultados.

Nesse sentido, as políticas sociais são muito importantes. Elas se manifestam por meio de várias intervenções governamentais. A título de exemplo, a redução da desigualdade e da pobreza que   ocorreu na primeira década do século XXI foi fruto de políticas sociais bem articuladas. A valorização do salário mínimo e a expansão do investimento na saúde e na educação são exemplos de intervenções colocadas em prática nessa época.

E a   pandemia?   Como   influenciou   esse processo?

A Profa. Célia alerta que desigualdade leva a mais desigualdade. Reforçou   que já vínhamos de um processo em que os índices de pobreza e desigualdade estavam aumentando, e com a pandemia, isso se tornou mais evidente. “A pandemia com a crise sanitária expõe a nossa desigualdade”, explica a professora. Sendo assim, é fato que precisamos de políticas sociais eficazes, que coloquem as necessidades básicas da população como prioridade.

O futuro pode ser diferente…

A Profa. Célia termina a palestra com uma mensagem de motivação para o futuro. Ela destaca políticas sociais de outros países que têm chamado a   atenção do mundo e servem de inspiração. Nos Estados Unidos, por exemplo, há um estímulo fiscal extremamente relevante dentro de um pacote chamado Green New Deal, ou Novo Acordo Verde, que é um contrato social cuja preocupação se volta para as questões ambientais, com investimento em infraestrutura social, em educação, saúde e cuidados. Por isso, eleger   governantes que entendam e,  sobretudo, dediquem-se a tais questões é um grande passo para a recuperação de nosso país.

Profa. Célia Kerstenetzky, palestrante; Prof. Marcos Tostes, moderador

 

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