As potencialidades das plantas no combate aos causadores de diversas doenças
Potencialidade das plantas — As plantas tem sido estudadas para uso no combate aos causadores de diversas doenças, pois ao longo de milhões de anos foram desenvolvendo suas próprias defesas químicas, por serem submetidas a diversos fatores de estresse em seu ambiente. Utilizar estes componentes para a proteção da saúde humana é o desafio da professora Olga Lima Tavares Machado, do Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP), do Centro de Biociências e Biotecnologia da UENF, através do projeto “Ação anti vetor/ anti parasita”.
A professora explica que as plantas expressam uma variedade de proteínas tóxicas, que conferem resistência contra herbívoros e patógenos. Nesse contexto, surgiu o interesse do grupo de pesquisa em avaliar frações proteicas e óleos de sementes de plantas oleaginosas no combate a parasitos e vetores de doenças. Proteínas foram isoladas de sementes de mamona (Ricinus communis) e de pinhão-manso (Jatropha curcas). A ação antiparasitária da fração de baixo peso molecular (FBPM) da mamona foi testada usando células de rim de macaco não infectadas e infectadas por Trypanosoma cruzi e Toxoplasma gondii. FBPM promoveu redução de 50% da população de T. cruzi na concentração de 10 μg/ mL e diminuiu a infecção por T. gondii em 49% na concentração de 15 μg /mL”, explica.
Os componentes proteicos e o óleo de mamona foram testados contra larvas de terceiro estágio de Aedes aegypti. Dos componentes proteicos, somente o de maior peso molecular, fração enriquecida em ricina na concentração de 83 μM, mostrou ação larvicida. Já o óleo de mamona e o seu principal componente, ácido ricinoleico, na concentração 3,15 mM impediu o desenvolvimento de larvas do mosquito Aedes aegypti. “Os componentes proteicos e ácido ricinoleico de R. communis podem ser alternativas para o combate de parasitos e contra o desenvolvimento de larvas do mosquito”, disse.
Outros experimentos — Os bioensaios realizados com as frações proteicas de pinhão-manso foram testados nas concentrações de 100, 250 e 500 μg/mL e não promoveram mortalidade nas larvas. Já os efeitos do óleo de pinhão-manso também foram investigados e apresentaram mortalidade larval em 48 horas após o tratamento na concentração de 500 μL/20 mL. O efeito sinérgico do óleo e frações proteicas nas mesmas condições foi analisado e revelou respectivamente alta mortalidade de larvas após 24 horas de tratamento.
“Foram realizados ainda, bioensaios, utilizando larvas do mosquito no estágio L3, que mostraram mortalidade larval a partir da concentração de óleo de 100μL/5mL. O óleo da semente do pinhão-manso apresentou toxicidade ao A. aegypti e ação sinérgica ou aditiva entre as frações proteicas e de óleo, indicando o potencial biotecnológico desses compostos para controle deste vetor”, concluiu.
Por Jane Ribeiro