Atividade antineoplásica induzida é tema de pesquisa

Compreender os mistérios que cercam o homem, a vida e a natureza: essa era a intenção de Lucas Elohim Cardoso Viana desde a infância, quando surgiram os primeiros sinais de interesse pela ciência. Foi no curso de licenciatura em Ciências Biológicas, na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), que o rapaz viu a oportunidade de obter algumas respostas. Aos 20 anos, o universitário campista foi um dos premiados no XIV Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) e por seu projeto de IC “Avaliação da atividade antineoplásica induzida por um composto de cobre em células de leucemia e de adenocarcinoma de próstata”.

Formado no Ensino Médio em 2018, Lucas ingressou na UENF no ano seguinte. “A UENF abriu as portas para que eu iniciasse uma nova etapa em minha vida. Buscando ampliar meus conhecimentos, senti que era momento de tomar uma importante decisão: a iniciação científica”, relatou. Antes de entrar na Iniciação Científica, no entanto, o estudante fez uma avaliação dos laboratórios existentes na universidade para definir o que, de fato, desejava estudar e pesquisar.

“Fui fortemente atraído pela linha de pesquisa do Laboratório de Biologia do Reconhecer (LBR), do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB). Após a oportunidade de conhecer a rotina laboratorial, ingressei como aluno de IC no primeiro edital disponível”, recorda Lucas.

Para o licenciando, os principais desafios foram conciliar a rotina de pesquisas no laboratório com as disciplinas e o aprendizado de termos científicos e técnicas experimentais. “Apesar de uma série de dificuldades, nunca desacreditei nem duvidei da minha decisão. As dificuldades, embora desconfortáveis, me fortaleceram e aumentaram ainda mais minha vontade de descobrir e aprender. Meus objetivos para o futuro são me tornar um pesquisador na área de imunologia e que meus trabalhos possam contribuir de forma efetiva para a nossa sociedade”, afirma.

Conheça a pesquisa

Orientado pelo professor Milton Masahiko Kanashiro, a pesquisa “Avaliação da atividade antineoplásica induzida por um composto de cobre em células de leucemia e de adenocarcinoma de próstata” tem como objetivo, de acordo com Lucas, avaliar a atividade citotóxica, ou seja, a toxicidade em nível celular de compostos de coordenação de cobre (H30), platina (H37) e o ligante (H34) e elucidar o mecanismo de morte celular induzido pelo composto H30 em células cancerígenas.

“A atividade citotóxica é avaliada pelo ensaio colorimétrico de MTT, no qual é analisada a taxa de viabilidade celular (células vivas) em relação a diferentes concentrações de compostos. A linhagem PC-3 (originada de adenocarcinoma de próstata) e a linhagem THP-1 (leucemia monoclítica aguda) apresentaram alta sensibilidade ao composto cobre, sendo escolhidas para a continuidade da pesquisa. Além disso, demonstramos que a ação do composto H30 é mais efetiva nas células neoplásicas do que nas células saudáveis, o que confere um ótimo índice de seletividade ao composto, tendo em vista que um dos grandes desafios da quimioterapia é causar o mínimo de dano às células saudáveis de seus pacientes”, detalhou o universitário. Na etapa seguinte, segundo Lucas, demonstrou-se que o tipo de morte que o composto de cobre foi capaz de induzir, nas células de câncer de próstata e leucemia, é por apoptose.

“Apoptose é um tipo de morte celular programada que previne que ocorram processos inflamatórios prejudiciais ao organismo. Para confirmar este mecanismo, demonstramos que as células PC-3 estavam expondo a fosfatidilserina, um fosfolipídeo exposto em fases iniciais da apoptose. Como é sabido, a mitocôndria é uma das principais organelas envolvidas na morte celular por apoptose. Avaliamos a sua função através da sonda JC-1, que demonstrou que as mitocôndrias das células PC-3 perdem a sua função após o tratamento com o composto H30″, conta.


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