Desafios enfrentados durante a pandemia
O município de Campos dos Goytacazes é conhecido como o principal polo universitário do interior do estado, para onde se deslocam muitos jovens e adultos em busca de mais oportunidades de estudos, pesquisas e formação superior. Essa é a realidade de Raphaella Rodrigues dos Santos, de 26 anos. Graduanda do curso de Ciências Sociais da UENF, ela é natural de Duque de Caxias e ingressou na universidade em 2019. No mesmo ano, durante o segundo semestre da graduação, a jovem deu os primeiros passos em sua trajetória na Iniciação Científica. A entrada neste campo rendeu a Raphaella, em julho deste ano, uma premiação no XIV Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT).
“Ter sido premiada em 2022 foi a chave de ouro para fechar meu ciclo dentro da Iniciação Científica e uma recordação que vou levar para o resto da vida”, destacou, recordando a trajetória acadêmica nesses últimos anos. Ela contou que o desenvolvimento do seu trabalho foi afetado pela pandemia do Coronavírus, cujos primeiros casos foram registrados um ano após o início de sua pesquisa. Essa mudança repentina de realidade fez com que Raphaella precisasse mudar os planejamentos.
“Eu tinha uma perspectiva totalmente diferente de como minha pesquisa iria se desenrolar. Mas, a partir de 2020, me deparei com a necessidade de adaptar meu plano de trabalho frente aos desafios impostos pelas medidas sanitárias de segurança, pois, para a minha pesquisa, o trabalho de campo é parte crucial e esse foi o maior desafio até agora. Durante os anos de 2020 e 2021, foi necessário repensar as possibilidades, metodologia e abordagens para dar continuidade à pesquisa”, detalha a universitária.
Para ela, a experiência foi fundamental para sua formação profissional e pessoal e também para a sua permanência na UENF, principalmente durante o período em que a pandemia estava mais grave: “O cenário pandêmico exigiu de mim flexibilidade e adaptabilidade e me impôs desafios. Acredito que a Iniciação Científica é realmente transformadora para os alunos de graduação que têm a oportunidade de experienciá-la e sou muito grata por ter tido essa chance”, finaliza.
Conheça a pesquisa
Intitulada “As experiências religiosas pentecostais de moradores do Programa Habitacional ‘Morar Feliz’ no bairro do Jóquei em Campos dos Goytacazes”, a pesquisa de Raphaella Rodrigues busca focalizar e articular questões sobre religião, pobreza e violência referentes às condições e modo de vida da população residente em conjuntos habitacionais em área da periferia do município.
A pesquisa é orientada pela professora Wania Amélia Belchior Mesquita, no Laboratório de Estudos da Sociedade Civil e do Estado, do Centro de Ciências do Homem (CCH).
A universitária explica que “Ela (a pesquisa) também busca interpretar as ações dos pentecostais nos contextos de moradias em um dos conjuntos habitacionais do Programa Morar Feliz, tendo como objetivo conhecer as experiências religiosas e percepções dos moradores sobre as igrejas na localidade. Durante o período de pandemia, foi feita uma adaptação devido à impossibilidade da realização do trabalho de campo, e eu passei a pesquisar a migração para o ambiente virtual e expressão da religiosidade de jovens integrantes do Força Jovem Universal no contexto da pandemia, a partir de levantamento de informações em redes sociais do grupo”, relata a estudante.
Ainda a respeito do desenvolvimento de sua pesquisa, Raphaella Rodrigues acrescenta: “Após uma adaptação da perspectiva metodológica, foi realizada a coleta dos dados relativos aos anos de 2020 e 2021 da rede social da Força Jovem Universal , com o objetivo de analisar três aspectos em especial: o papel da religião em momentos de crise, a expressão da religiosidade através do meio virtual e a reformulação do espaço doméstico”, finaliza a universitária.