Eu vivi, eu conto!
Estudantes contam como a Iniciação Científica e Tecnológica contribuiu para o ingresso na pós-graduação
Ronaldo da Silva Francisco Júnior
“Fui aluno do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UENF entre os anos de (2013-2017), e bolsista de Iniciação Científica PIBIC-UENF de 2014 a 2017. Na ocasião, fui aluno do professor Enrique Medina-Acosta no Núcleo de Diagnóstico e Investigação Molecular (NUDIM) e Laboratório de Biotecnologia/ CBB. Tive a oportunidade de trabalhar com genética humana e médica, e temas relacionados à epigenética e bioinformática durante minha IC. Gostei tanto da área que resolvi me aprofundar no assunto, buscando uma maior qualificação. Assim, ingressei no programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), onde realizei meu mestrado em Bioinformática.
Atualmente, sou doutorando no programa de Pós-Graduação em Genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Confesso que só consegui enxergar os frutos do PIBIC na minha carreira após ingressar no mestrado e doutorado. Depois disso, as habilidades requeridas a um bolsista PIBIC ganharam sentido na minha carreira. O PIBIC me ensinou a escrever um bom texto acadêmico-científico, ter iniciativa e criatividade para conduzir um projeto de pesquisa, e habilidades de comunicação oral na forma de apresentações de trabalhos científicos. O incentivo a participar de eventos teve um efeito super positivo ao me proporcionar capacitação, e com isso um currículo mais competitivo. Durante meu último ano como bolsista tive a honra de receber o prêmio de melhor trabalho na área de genética humana no Congresso Internacional de Genética da Sociedade Brasileira de Genética (SBG), e no Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) em 2016. A experiência adquirida na instituição e no programa foi, sem dúvida, fundamental para minha decisão de perseguir uma carreira científica.
Hoje sou membro do Laboratório de Bioinformática do LNCC em Petrópolis, onde desenvolvo minha pesquisa de doutorado. No fim do mês de março deste ano, realizamos em um tempo recorde o sequenciamento dos primeiros 19 genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da COVID-19, no Brasil. Utilizando abordagens de genômica e bioinformática fomos capazes de identificar múltiplas entradas do vírus no Brasil com semelhanças ao vírus que está circulando na Europa. Esses achados foram fundamentais para dar início aos estudos de vigilância genômica no país.
Para o futuro, espero concluir meu doutorado e continuar minha carreira como professor e pesquisador em importantes instituições brasileiras, podendo dar retorno ao país tudo que foi investido durante minha educação. Como campista, sempre que estou na cidade não posso deixar de passar na UENF, e rever amigos e colegas de laboratório. Sou imensamente grato a tudo o que a UENF me proporcionou”.
Ronaldo da Silva Francisco Júnior / Doutorando no programa de Pós-Graduação em Genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Hisrael Passarelli
“Atuei como bolsista de Iniciação Científica na UENF desde o terceiro período da minha graduação em Administração Pública. Quem me ensinou a dar os primeiros passos como pesquisador foi a minha ex-orientadora, Professora Joseane de Souza (Laboratório de Gestão e Políticas Públicas/CCH). A IC também contribuiu para o desenvolvimento do meu trabalho de conclusão de curso. Nele, busquei analisar as migrações internacionais contemporâneas e sua relação com o mercado de trabalho fluminense. Meus interesses de pesquisa sempre envolveram o entendimento de fenômenos e tendências demográficas, e seus desdobramentos na formulação de políticas públicas – especial ênfase dada por mim em toda minha trajetória de formação em Administração Pública. Destaco também que a pesquisa realizada no âmbito da minha Iniciação Científica foi premiada por duas vezes: segundo lugar entre os melhores trabalhos de Iniciação Científica no campo de Políticas Públicas (2018); e 1º lugar na área de Ciências Humanas, Sociais Aplicadas e Linguísticas como melhor trabalho de Iniciação Científica na modalidade oral, entre os trabalhos apresentados no Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) em 2019.
Para além da contribuição acadêmica trazida pela Iniciação Científica, o contato com a pesquisa também me ajudou a construir uma compreensão crítica do mundo, e abandonar aquela consciência ingênua da realidade. Devo isso aos meus professores e especialmente à minha ex- orientadora, a qual sou eternamente grato.
Atualmente, sou mestrando do Programa de Pós-Graduação em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG). O Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFMG é o melhor programa da área no país (conceito 7 na CAPES) e está entre os melhores programas de pós graduação do Brasil, com padrão de excelência internacional.
Todas essas conquistas são resultado do contato que tive com a Iniciação Científica. Ela me preparou para a realização de pesquisas de alta qualidade, e também contribuiu para o meu desenvolvimento como cidadão. O contato com a Iniciação Científica é um dos vários motivos pelos quais eu sempre defenderei o ensino público, gratuito e de qualidade desenvolvido pela UENF ao longo de todos esses anos.
Apesar de não estar realizando nenhuma pesquisa relacionada à Covid-19 no momento, minha pesquisa pode contribuir para a compreensão das consequências sociodemográficas provocadas pela pandemia, sob a perspectiva da mobilidade da população nos países atingidos, como o Brasil. A magnitude e a direção dos fluxos populacionais trazem implicações diretas na gestão dos municípios brasileiros. A alteração no número de pessoas que circulam pelas cidades traz consigo oscilações na oferta e demanda de bens e serviços públicos. Compreender esse novo cenário é fundamental para a formulação, implementação e gestão de políticas de enfrentamento a COVID-19”.
Hisrael Passarelli / Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG).
Juan Carlo Santos e e Silva
“Em relação à Iniciação Científica na UENF, tenho muito a dizer. Inicialmente, estive no Laboratório de Biologia do Reconhecer (LBR) com a professora Elena Lassounskaia, onde executei um projeto de Iniciação Científica por um ano. Logo depois, conheci o Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP), onde executei outro projeto por um ano com o professor Carlos Jorge Logullo de Oliveira. Por fim, conheci o Laboratório de Biotecnologia (LBT), onde executei o meu projeto de Iniciação Científica por quase três anos, especificamente no Núcleo de Diagnóstico e Investigação Molecular (NUDIM), orientado pelo professor Enrique Medina-Acosta. A pesquisa com o professor Enrique deu origem ao meu trabalho de conclusão de curso intitulado: Investigação da edição de RNA em gêmeos discordantes para a trissomia do cromossomo 21.
A experiência de ter trabalhado com esses professores, especialmente o professor Enrique, contribuiu muito para minha formação, por ter exemplos e referências de como o trabalho duro pode gerar bons frutos. A Iniciação Científica me permitiu o desenvolvimento de pensamento crítico sobre os resultados encontrados, permitiu originalidade na escrita de projetos e material científico. Permitiu ainda, a publicação de dados já publicados e responder perguntas que ainda não tinham sido respondidas. O cotidiano com o professor Enrique Medina e meus colegas de laboratório me ensinou que encontrar as respostas pode não ser tão difícil quanto parece: na ciência, difícil mesmo é fazer as perguntas certas. Então, com o meu trabalho no NUDIM eu participei de diversas edições do Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT). Participei também do XXIII Curso de Verão em Genética pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), onde fui premiado com menção honrosa, pois fiquei entre os melhores trabalhos apresentados. Eu também participei do III Curso de Verão em Bioinformática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde conheci meu atual orientador professor Helder Takashi Imoto Nakaya.
Com essa trajetória a Iniciação Científica no NUDIM-UENF permitiu a publicação na revista científica Frontiers in Genetics do trabalho intitulado: Pervasive Inter-Individual Variation in Allele-Specific Expression in Monozygotic Twins. Este trabalho contou com a colaboração de pesquisadores da UENF e de outras instituições como o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Um fator muito importante que devo enfatizar foi a experiência da colaboração na Ciência. A Iniciação Científica na UENF me proporcionou a experiência de ter colaborado com diversos cientistas.
Atualmente, estou cursando o Doutorado Direto pelo Programa de Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF/USP). No doutorado sou orientado pelo professor – Helder Takashi Imoto Nakaya no Laboratório Computacional de Biologia de Sistemas (Computational Systems Biology Laboratories – CSBL). Minhas perspectivas para o trabalho durante o doutorado são participar no desenvolvimento de programas para a área da bioinformática, bem como realizar análises computacionais de grandes séries de dados biológicos de epidemiologia e de sequenciamento.
A minha Iniciação Científica na UENF e minha pesquisa atual podem contribuir com o cenário atual de pandemia, pois aprendi linguagens de programação e métodos computacionais que podem ser usados para integração e análise de dados biológicos (epidemiológicos e de sequenciamento) que envolvam a doença COVID-19”.
Juan Carlo Santos e Silva / Doutorando pelo programa de Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF/USP).
Hemanoel Passarelli
“Com atuação na área de bioinformática, eu utilizo ferramentas computacionais para a resolução de problemas biológicos, tais como características genéticas e também a evolução dos mecanismos de resistência a drogas apresentados por bactérias e fungos.
No começo de 2019, participei do processo seletivo para o Mestrado em Bioinformática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que é avaliado com conceito máximo e considerado o melhor do país (nota 7 na CAPES). Após uma semana de processo seletivo, fui aprovado para uma das bolsas disponíveis para o mestrado e logo em seguida tive a surpresa e honra de receber o convite para seguir diretamente para o doutorado.
Hoje eu sou doutorando em Bioinformática e a gratidão que tenho à UENF é inexplicável. Acredito que tudo isso aconteceu na minha vida devido à uma forte influência da Iniciação Científica da UENF, com o meu orientador Professor Thiago Venâncio do Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos – LQFPP / CBB. A minha Iniciação Científica rendeu vários prêmios em congressos, e me abriu diversas portas para que eu estivesse pronto para entrar no doutorado em uma universidade que é referência nacional para a minha área. À UENF, sempre serei grato.
O uso indiscriminado de antibióticos pela sociedade, leva ao aumento do número de bactérias que são resistentes aos mesmos. Isso é um sério problema, pois os antibióticos são importantes para diversos fins, tais como tratamentos pós-operatórios e infecções bacterianas em geral. Em alguns casos, pode haver um surto hospitalar de resistência microbiana que é um fator preocupante, principalmente em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Eu não trabalho diretamente com o coronavírus, mas, assim como a evolução de bactérias resistentes é um fator preocupante, a evolução de novas cepas virais também é; estamos vivenciando isso agora”.
Hemanoel Passarelli / Doutorando em Bioinformática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).