O comportamento das abelhas mamangavas é alvo de análise em pesquisa
Beatriz Torres e Ribeiro, natural de Paraíba do Sul – RJ, cursa Bacharelado em Ciências Biológicas na UENF e carrega consigo uma história inspiradora. Beatriz estudou em escola pública durante o Ensino Médio e conta como o incentivo que teve foi fundamental para a sua entrada na universidade.
“O ensino público de qualidade sempre foi uma pauta muito importante nas escolas em que tive o privilégio de fazer parte. Durante todo o meu Ensino Médio, participei do PROEMI – Programa Ensino Médio Inovador, idealizado pelo Ministério da Educação junto ao Estado, o que proporcionou a mim e aos demais jovens alunos de um CIEP no interior uma porta de entrada para o Ensino Superior. Após três anos de ensino e de muito preparo para o ENEM, ‘logo de cara’ fui aprovada na UENF em Campos dos Goytacazes, em minha segunda opção de curso e em uma cidade que eu nem sabia que existia! Pois bem, mesmo com apenas dezessete anos, eu não hesitei em querer abraçar a oportunidade. Com o apoio de minha família, mudei para Campos para realizar o curso. Embora a Biologia não fosse a minha escolha principal, em menos de um ano, eu me vi completamente cativada e já não queria mais ser outra coisa que não fosse Bióloga!” relata a estudante.
Beatriz logo encontrou o seu lugar na pesquisa. Em uma aula prática com insetos, ela percebeu que gostaria de investigar mais sobre esses animais e, por conta da sua experiência durante o Ensino Médio, a estudante sabia da importância de ingressar em um projeto de pesquisa durante a graduação.
“De imediato, conversei com a professora Maria Cristina, que hoje é minha orientadora, e demonstrei meu interesse em fazer parte de seu laboratório sobre abelhas. Após dois anos e meio experienciando a Extensão, tomei coragem para migrar para a Iniciação Científica, algo que sempre almejei, mas posterguei iniciar por receio de não conseguir conciliar com as disciplinas e outras atividades acadêmicas. Hoje, faço parte do Programa de Iniciação Científica em um projeto sobre abelhas nativas. Vejo a IC não apenas como um início na carreira científica, mas também como algo que me prepara e me impulsiona para ser uma boa profissional em qualquer área que eu possa vir a atuar.” conta Beatriz.
Conheça a pesquisa
A pesquisa de Beatriz, intitulada Abelhas Xylocopa (Hymenoptera: Apidae) em uma área urbana no Norte Fluminense: uma análise comportamental”, é orienta- da pela Prof.ª Maria Cristina Gaglianone e desenvolvida no Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB).
“As abelhas Xylocopa, popularmente conhecidas como Mamangavas, são abelhas nativas muito importantes por realizar a polinização de diversos cultivos agrícolas que nos geram alimento, como o maracujá, e de plantas silvestres, ajudando na restauração de ecos- sistemas. São abelhas de hábito solitário, ou seja, não vivem em sociedade formando colmeias, e constroem seus ninhos em madeira seca.” explica Beatriz.
A pesquisa tem como objetivo analisar o comportamento desse grupo de abelhas silvestres nas áreas urbanas. A coleta de dados acontece no campus da UENF, onde colmos de bambu secos são distribuídos em uma estrutura que chamamos “Hotel de Abelhas”, para que as mamangavas construam seus ninhos.
“A partir desses ninhos, observo e descrevo cada comportamento desempenhado por essas abelhas, buscando identificar padrões, e os relaciono com fatores abióticos, como temperatura e umidade do ar. Acompanho desde o início da construção do ninho e estocagem de pólen e néctar para alimentar a futura larva, até o momento em que a abelha fêmea realiza a postura do ovo e constrói uma parede fechando a célula de cria. Analiso também as interações entre abelhas de um mesmo ninho ou de ninhos diferentes, formas de defesa, cuidados com a prole e com os ninhos.” detalha a estudante.
Essa pesquisa também tem o objetivo de gerar informações que possam contribuir para a conservação dessas abelhas e do uso sustentável dos serviços de polinização no ambiente urbano.