Pesquisa investe na análise de uvas do tipo “niagara rosada”

Mickaela Moreira dos Santos, 24 anos, veio de Natividade, no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, para estudar na UENF. A distância não foi problema para essa jovem que sempre sonhou em ser Bióloga e estudou em escola pública. A frase que sempre ouvia dos pais e professores era: “tem que estudar para ser alguém na vida”. “Eu só entendi o real significado dessa frase ao entrar na UENF. Sempre imaginei que ser alguém na vida era ter dinheiro e sucesso. Atualmente, formada em Ciências Biológicas pela UENF, percebo que ser alguém na vida é muito mais que isso. É ser uma pessoa que pensa fora da caixa, que tem opiniões próprias, que enxerga muito além. “Hoje eu sou alguém na vida, alguém que não deixa os detalhes da vida passarem despercebidos”, disse a estudante.

Mas o caminho até chegar à UENF não foi fácil. Muitos foram os empecilhos, segundo a estudante, que teve o primeiro ano muito conturbado longe de casa e dos pais. “No começo foi difícil, mas conheci pessoas incríveis que me acolherem como família. Apresentada ao Programa de Iniciação Cientifica da UENF, eu tive receio de tentar concorrer no edital porque meu Coeficiente de Rendimento (CR) era baixo e para concorrer com bolsa teria que ter CR=7. Consegui, então, entrar no programa como IC voluntária”, relatou.

Foi aí que Mickaela conheceu o seu atual laboratório de pesquisa, que trata da fisiologia de videiras e, incentivada pelo orientador Ricardo Bressan-Smith (LMGV/CCTA), acabou desenvolvendo seu projeto de pesquisa, que resultou na monografia. “Durante o desenvolvimento do projeto eu aprendi sobre o que é ciência, sobre ser cientista, saber experimentar, formular hipoteses, errar, acertar, discutir e isso fez que meu desenvolvimento acadêmico melhorasse minhas notas”.

Outra oportunidade incrível que a Iniciação Científica proporcionou a Mickaela foi a participação em congressos. Conheceu outros países, projetos e pesquisadores de outras partes do mundo e recebeu dicas valiosas para melhorar sua pesquisa. “No CONFICT 2019, tive a honra de ser premiada pela minha pesquisa em primeiro lugar. Fiquei muito feliz pelo reconhecimento e percebi que fiz as escolhas certas. Agora, penso em fazer pós-graduação na UENF, no programa de Produção Vegetal”, concluiu a estudante.


Conheça a pesquisa

O projeto em que Mickaela atuou na Iniciação Científica trata do estudo das uvas da variedade Niagara Rosada, com ótima adaptação na região Norte-Noroeste Fluminense. A pesquisa denominada “Funcionalidade do floema na fase de amadurecimento de bagas Vitis labruscana” beneficia diretamente os produtores rurais que produzem uvas de mesa e foi baseada na ideia de economia de água em videiras.

“Durante seu ciclo de produção, esta variedade necessita de grande volume de água, pois seu consumo é alto. Normalmente fornecida por irrigação, a água é oferecida às plantas sem critérios de quantidade por planta. Isso pode gerar desperdícios em certas fases de crescimento porque a planta não necessita de mesma quantidade durante todo o ciclo de produção. A ideia do nosso grupo é entender como ocorre o transporte de água da planta até cada cacho e propor uma maneira viável para reduzir a irrigação, principalmente, na fase do amadurecimento da uva”, informou a estudante.

A pesquisa, segundo a estudante, é desenvolvida em casa de vegetação na UENF onde são cultivadas 88 plantas de Niagara Rosada que necessitam de cuidados diariamente. Para desenvolver o projeto, é necessário avaliar as características qualitativas da uva, como doçura, acidez, tamanho e peso. Além disso, para verificar a funcionalidade do floema nas bagas, “analisamos uma enzima chave no transporte a curta distância do açúcar, a invertase ácida, desde a uva verde até completar seu amadurecimento completo. Quantificamos, também, o transporte de açúcares (glicose, sacarose e frutose) da planta para a uva, também em laboratório. Em casa de vegetação, tomamos cuidados necessários com as plantas como podas semestrais, limpeza das plantas, controle de pragas e doenças e adubação”, enfatizou.

Mickaela também participa de projeto de extensão coordenado pelo seu orientador, que busca transmitir a alunos de ensino médio, conceitos em fisiologia das plantas, utilizando métodos científicos experimentais. A premiação desse projeto na Mostra de extensão também no ano de 2019 reforçou a relevância da interação entre pesquisa e extensão.

 

Por Jane Ribeiro

Retornar à home da Revista