Projeto de IC estuda gravidade de lesões oculares em bebês com toxoplasmose
Leonardo Vilquer de Souza, 22 anos, veio de longe para estudar na UENF. São quase 400 quilômetros entre a cidade mineira de São Domingos das Dores e Campos dos Goytacazes. A distância não foi problema para esse jovem que sempre sonhou em ser Biólogo.
No Ensino Médio, ele conheceu professores que foram seus maiores incentivadores. “Na época, entrar para uma universidade parecia coisa de outro mundo. A cidade mais próxima que oferecia curso superior ficava muito distante”, lembra o jovem.
Apesar de não terem condições financeiras para bancar os estudos do filho em uma universidade particular, os pais de Leonardo nunca deixaram de apoiá-lo. “Continuei os estudos com o meu próprio esforço. Mudei de cidade, terminei o ensino médio e comecei a estudar Biologia em uma faculdade particular. Só que eu fiquei desempregado. Depois disso, ou eu parava de estudar ou ia para uma universidade pública, e, claro, fiquei com a segunda opção e vim para a UENF em 2014”, conta.
O envolvimento com a Iniciação Científica veio rápido. Ele procurou um laboratório para aprender sobre Genética Humana e, de quebra, veio a Imunologia. Atualmente, Leonardo atua no Laboratório de Biologia do Reconhecer (LBR), com orientação da professora Alba Lucínia Peixoto. “Consegui uma bolsa de IC e comecei a trabalhar no projeto, onde estou até hoje. Agora, o que posso afirmar é que se eu cheguei até aqui, eu não desisto mais”, declara confiante.
Conheça a pesquisa
O projeto em que Leonardo atua na UENF é sobre toxoplasmose congênita, uma infecção causada pelo protozoário Toxoplasma gondii que pode ser transmitido por ingestão de alimentos contaminados crus, mal cozidos, mal lavados, água contaminada e também de mãe para filho durante a gravidez.
A toxoplasmose congênita é aquela que ocorre em bebês que se infectam ainda no útero materno. Ela pode causar sintomas como surdez, retardo psicomotor, calcificações cerebrais e lesões oculares de gravidade variada, dependendo da fase da gravidez que a mãe se contaminou e do início do tratamento.
“O meu projeto de Iniciação Científica visa entender aspectos da genética de recém-nascidose suas mães. A intenção é compreender melhor porque alguns bebês desenvolvem lesões oculares e outros não”, explica Leonardo. Para isso, é preciso coletar amostras de saliva de recém-nascidos, com sorologias positivas e negativas para toxoplasmose, e de suas mães, na ocasião do teste do pezinho. “Extraímos o DNA e estudamos mudanças na sequência de DNA de um gene chamado IFNG (Interferon Gama). Este gene codifica para produção de uma citocina importante na resposta imune contra T. gondii, também chamada IFN (Interferon Gama)”, frisa.
Entender se as mudanças nesse gene influenciam na doença ocular da toxoplasmose congênita de recém-nascidos, é um passo para identificarmos os diferentes sintomas desta doença nos bebês.