Conheça pesquisas da UENF que contribuem para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Preservação do Patrimônio Cultural — A professora Simonne Teixeira, do Laboratório de Estudos do Espaço, do Centro de Ciências do Homem (CCH), coordena a “Officina de Estudos do Patrimônio Cultural”, que desenvolve pesquisas com participação da Iniciação Científica no campo da arqueologia e da história com ênfase nas políticas culturais de preservação. As pesquisas contribuem em diferentes aspectos do campo cultural, como no conhecimento das diversidades culturais e suas manifestações; no acompanhamento e na análise das políticas de cultura contemporâneas, com destaque àquelas relacionadas ao patrimônio cultural; no fomento à formação de pesquisadores e profissionais para atuar em diferentes áreas no campo da cultura; nos estudos relacionados às linguagens da arte e na difusão dos conhecimentos adquiridos através da prática da Educação Patrimonial.
Atualmente como diretora da Casa de Cultura Villa Maria (CCVM) UENF, a professora Simone vem implementando projetos de pesquisa que buscam a reestruturação dos serviços oferecidos pela CCVM, a manutenção e a organização dos acervos documentais e a implementação de curadoria para os espaços expositivos. Como parte desses projetos, a equipe tem buscado refletir sobre as políticas culturais universitárias. Dentre essas iniciativas, pode-se citar o projeto “Produção de catálogo digital e disponibilização de registros sonoros – Divulgação do Acervo Musical da Fonoteca da Casa de Cultura Villa Maria [FAPERJ]” e o projeto TEIA [Teia Interuniversitária de Arte], que contam com bolsistas da IC.
A professora explica que desde 1988 a Constituição Brasileira, em consonância com a Declaração de Direitos Humanos, reconhece os direitos culturais como parte dos direitos humanos garantindo a proteção, a valorização e a difusão das manifestações culturais. Segundo ela, as políticas culturais devem ser resultados de processos de gestão compartilhados entre o Estado e os demais agentes da sociedade, por meio da participação pública. Neste sentido é fundamental que também a Universidade pense, discuta e implemente políticas culturais no âmbito institucional.
“O campo da Política Cultural, especialmente no Brasil, é bastante recente como campo científico, se constituindo enquanto tal a partir do final do século XX. As pesquisas desenvolvidas neste campo, no âmbito da Iniciação Científica, atendem plenamente aos objetivos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável de nosso planeta”, informou a pesquisadora.
Políticas Culturais — A professora Simonne ressalta ainda que as políticas culturais devem estar presentes nas agendas governamentais, em pleno diálogo com os mais amplos setores da sociedade, na promoção de uma efetiva hiperculturalidade. Os estudos deste campo favorecem o surgimento de uma responsabilidade compartilhada e consciente sobre a diversidade natural e cultural, incluindo o reconhecimento de que todas as culturas e os povos podem contribuir.
“Aprofundar os estudos neste campo e efetivá-los em ações políticas certamente contribuirá à redução das disparidades de gênero, fomentará a tolerância, promoverá uma cultura de paz e não violência. Neste sentido, também os estudos sobre o patrimônio cultural favorecem a consolidação das memórias sociais e das identidades, que se plasmam nos territórios, contribuindo para a salvaguarda do patrimônio cultural em sua mais ampla acepção”, conclui a professora.
Sociedade mais justa — Aliada à preservação do patrimônio cultural, a qualidade da Educação é outro tópico fundamental dos ODS com pesquisas desenvolvidas na UENF. A professora Silvia Alicia Martínez, do Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem (LEEL), no Centro de Ciências do Homem (CCH), coordena pesquisas, com a participação de estudantes de Iniciação Científica, que visam contribuir com a promoção de uma sociedade mais justa, igualitária e equânime.
A educação é considerada um direito humano elementar e essencial para atender às necessidades do país e para a construção de uma sociedade de conhecimento mais justa. O projeto realizado no Educandário para Cegos São José Operário denominado Cultura Escolar e Trajetórias de Vida (1980/2020), aborda por meio de relatos pessoais, a trajetória de pessoas especiais com deficiências, suas lutas e dificuldades, no âmbito urbano, escolar ou laboral.
O objetivo principal do projeto é a busca por educação de qualidade para todos. “A pesquisa realizada têm demonstrado como ainda se vive em situação de desigualdade social, seja no interior das instituições escolares pela falta de condições de estudo e permanência, como no mercado de trabalho, que não está preparado para compreender este sujeito com todas as suas potencialidades e particularidades. Como consequência, a pesquisa contribui para, além de preparar pesquisadores, formar profissionais antenados com as lutas e conquistas de diferentes grupos sociais”, informou.
Mulheres na Pesca — Outros projetos do grupo de pesquisas da professora Silvia reforçam a busca pela redução das desigualdades em comunidades diversas. “As mulheres que trabalham com a pesca na nossa região não são enxergadas pela sociedade e muitas vezes nem por elas mesmas. A própria associação não valoriza essas mulheres. A vida delas é abordada nas nossas pesquisas, possibilitando também a reflexão sobre a situação desigual que mulher e homem vivenciam na atualidade, seja na pesca ou em outras atividades produtivas, sociais e políticas”, explica a pesquisadora, referindo-se ao projeto “Mulheres na Pesca: mapa dos conflitos socioambientais do Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas”, no qual participam diversos pesquisadores e estudantes em uma equipe multidisciplinar, visando conhecer a situação das mulheres que trabalham na cadeia produtiva da pesca. Os estudantes de Iniciação Científica inseridos nestas pesquisas conseguem saber mais profundamente a realidade dos municípios da nossa região.
Territórios do Petróleo — Juntamente com os anteriores, o projeto “Território do Petróleo: Royalties e Vigília Cidadã da Bacia de Campos”, compõe um conjunto de objetivos direcionados aos problemas locais.
“As ações de educação ambiental nesta pesquisa visam trabalhar com sujeitos de dez municípios dentro dos princípios da educação popular, formando-os para o controle social dos royalties do petróleo, no sentido de lutar contra situações de injustiça ambiental e desigualdade social que os impactos da indústria do petróleo e gás e a má distribuição dos royalties acabam causando. No caso da pesquisa individual sob minha coordenação, o mergulho é nas metodologias participativas para atuação junto ao público prioritário, seguindo os princípios da educação ambiental crítica e da educação ambiental para a gestão ambiental”, conclui a professora.
Redução das desigualdades — A desigualdade social é um problema global que requer soluções integradas. É com esse objetivo que a professora Odile Caterine Reginensi, do Laboratório de Estudos do Espaço Antrópico (LEEA), do Centro de Ciências do Homem (CCH), desenvolve o projeto “Etnografia das margens da cidade: experiência da imagem com os usuários de espaços de uso público”, que vem de encontro com a Agenda 2030. Numa associação entre a Iniciação Científica e a Extensão no projeto intitulado AntropoArte, a proposta da Profa. Odile destaca estratégias para a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles.
Uma das metas do Objetivo 10 da Agenda 2030 é “Garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades”, e a pesquisa desenvolvida pela professora Odile visa produzir conhecimentos sobre a noção de espaços de uso público, os seus usos e contra usos, de forma experimental e com diferentes atores, tais como: jovens, artistas, ativistas, moradores do local e de fora do local.
Além disso, a pesquisa procura observar a capacidade destes atores de se apropriarem de lugares específicos da cidade para desenvolver novas formas de uso coletivo do espaço urbano na sua complexidade.
Resultados — “O que temos feito com grandes resultados é experimentar com os sujeitos da pesquisa momentos e espaços através da fotografia. Nosso objetivo maior é contribuir para aprofundar o conhecimento sobre espaços públicos urbanos nas cidades brasileiras contemporâneas e em particular numa cidade média como Campos dos Goytacazes, situada na região Norte Fluminense. Além disso, produzir um conjunto de resultados a ser apropriado por atores locais e contribuir para a construção do conceito de espaços públicos urbanos, nas cidades contemporâneas”, destaca a pesquisadora.
A pesquisa de campo é desenvolvida através de observações repetidas, registros fotográficos e vídeos. “Utilizamos a fotografia e a voz dos participantes para conhecer as suas experiências e vivências. A fotografia serve como um referencial documental para pesquisa com usuários dos espaços de uso público”.
Aposta em Educação Inclusiva — A educação especial também faz parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que priorizam a aprendizagem ao longo da vida para todos. E é com essa proposta que o professor Sergio Luis Cardoso, do Laboratório de Ciências Químicas (LCQUI) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) e Coordenador do Núcleo de Acessibilidade Pedagógica da UENF (NAP-UENF) vêm desenvolvendo atividades de pesquisa e extensão em educação inclusiva de ciências e matemática para alunos com deficiência. A ideia é inserir a educação especial também no ensino superior. A pesquisa tem financiamento do CNPq, obtido através de uma chamada de apoio a projetos de tecnologia assistiva.
O professor acredita que questões técnicas e pedagógicas associadas ao processo de inclusão escolar devem ser trabalhadas desde a educação infantil até a educação superior, para que o cenário de total inclusão das pessoas com necessidades especiais possa um dia se tornar realidade. Ele ressalta que a atual demanda projetada de matrículas para a educação especial em nível superior no estado do Rio de Janeiro ainda está muito longe de um número aceitável.
“Os dados do censo escolar do Ministério da Educação (MEC), indicam a ocorrência de alta retenção de alunos da educação especial nos anos iniciais do ensino fundamental e de um baixo número de alunos matriculados em nível médio. Uma conversão de 50% das matrículas da educação especial dos anos iniciais do ensino fundamental para o ensino médio levaria a uma demanda projetada de matrículas da especial para o nível superior de aproximadamente 13.000 matrículas”, informou.
Superar obstáculos — O professor acredita que para alcançar uma educação inclusiva, efetiva e de qualidade é preciso superar alguns obstáculos como: a falta de materiais de apoio e recursos educativos adequados e, a carência de professores com formação inicial e/ou continuada para reconhecer e entender as diversas implicações sociais, culturais e pedagógicas da educação inclusiva.
“A escassez de material didático homogêneo e apropriado para estas disciplinas em quase todos os níveis, principalmente em nível superior, dificulta o processo de ensino aprendizagem destes estudantes e muitas vezes desestimula a escolha de um curso superior relacionado a estas áreas. Essa escassez também inibe ou limita a formação de docentes e intérpretes com experiência para o ensino de ciências, biologia, física, matemática e química de estudantes com deficiência, principalmente em nível médio onde estas disciplinas são apresentadas já com maior complexidade” ressalta o professor.
Resultados — Com o objetivo de contribuir para a melhoria deste cenário, o Núcleo de Acessibilidade Pedagógica da UENF (NAP-UENF) foi criado em 2015 e tornou-se um programa institucional em 2018. A motivação inicial para a criação do NAP-UENF foram as dificuldades encontradas para o ensino de química e física de alunos com deficiência visual e auditiva matriculados em cursos de graduação da UENF.
“Atualmente o NAP-UENF busca apoiar atividades de pesquisa e extensão voltadas para o desenvolvimento, adequação e avaliação de metodologias, materiais e recursos didáticos inclusivos para o ensino de ciências, biologia, física, matemática e química, desde a educação infantil até a educação superior. Também estamos iniciando as atividades de pesquisa e extensão voltadas para a formação inicial e continuada de professores para a educação especial”, declarou.
Por Jane Ribeiro