Pesquisa desenvolve catalisador para reduzir contaminação por agrotóxicos
Iago de Souza Reis, 23 anos, nasceu em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, e por lá viveu até os 18 anos, quando decidiu estudar na UENF. De família humilde, ele sempre estudou em escolas públicas e começou a trabalhar muito cedo para ajudar no sustento da família. Porém, isso não foi empecilho para o aluno esforçado que sempre teve vontade de aprender. Tanta dedicação fez com que ele conquistasse premiação no X CONFICT.
Aluno aplicado, Iago chegou a ganhar dois notebooks por meio das provas do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ), em 2010 e 2011. O ensino superior público era um sonho que, segundo ele, se concretizou com o advento do sistema de cotas.
“Sempre me foi permeada a ideia de ser cientista e ao ter contato com a química, tive a certeza do assunto que eu queria trabalhar. Fiz um pré-vestibular social, o ENEM e passei para Licenciatura em Química na UENF. Aqui, consegui contato com o Programa de Iniciação Científica e, então, pude perceber o meu amor pela sala de aula e pela pesquisa”, declara Iago.
Ele afirma que é um desafio muito grande estudar na UENF e que evoluiu nos estudos após entrar na universidade e atuar na IC. “A minha pesquisa é muito importante, dedico-me muito a ela, e ganhar o prêmio de melhor trabalho de IC na minha categoria foi bastante gratificante. Muito disso eu devo ao meu orientador, o professor Adolfo Horn Jr. Pretendo continuar na vida acadêmica, fazendo pós-graduação e sonho em ser professor universitário, conciliando o ensino e a pesquisa”, aposta.
Conheça a pesquisa
Não há como negar que muitos agrotóxicos e agentes de guerra química agridem o meio ambiente e o ser humano. Segundo Iago, alguns dos compostos químicos usados para esses fins são classificados como ésteres de fosfato. Uma característica comum a tal tipo de molécula é o tempo que a mesma demora para ser degradada no ambiente. Felizmente, existem certas enzimas denominadas de fosfatases, que atuam na degradação de ésteres de fosfato tóxicos.
“Como se sabe, as enzimas são catalisadores naturais, ou seja, promovem o aumento da velocidade de uma reação química. Portanto, estudando as estruturas e a atividade biológica das enzimas da classe das fosfatases, podemos nos inspirar nelas para desenvolver compostos sintéticos que tenham atividade similar”, esclarece.
O trabalho de pesquisa de Iniciação Científica desenvolvido por Iago junto ao Grupo de Pesquisa em Química de Coordenação e Bioinorgânica, no Laboratório de Ciências Químicas da UENF, no Centro de Ciência e Tecnologia (CCT), é justamente o de preparar compostos sintéticos inéditos que possam promover a degradação de ésteres de fosfato de forma mais rápida.
“O objetivo do grupo de pesquisa é desenvolver um catalisador que possa aumentar a velocidade de decomposição de ésteres de fosfato tóxicos, principalmente aqueles que são utilizados como agrotóxicos e acabam contaminando os corpos hídricos (rios, lagos, lençol freático). E já obtivemos um novo composto de zinco que desempenha esse papel”, finaliza.
Retornar à home da Revista