Pesquisa estuda abelhas e vespas da Estação Ecológica de Guaxindiba
A capixaba Fernanda Silva Mesquita Carrozzino Werneck, 22 anos, sempre se identificou com a Biologia, mas após conclusão do ensino médio optou pelo curso de Farmácia, na UFRJ, onde estudou apenas dois períodos. Após prestar um novo ENEM, ela foi aprovada para Ciências Biológicas, na UENF, e hoje atua no Grupo de Pesquisa em Ecologia de Abelhas e Polinização, no Laboratório de Ciências Ambientais, do CBB, com a orientação da professora Maria Cristina Gaglianone.
Logo que ingressou na UENF, Fernanda começou a buscar por uma linha de pesquisa. Com empenho e dedicação, ela conseguiu uma bolsa de Iniciação Científica e está, há dois anos, em uma pesquisa financiada pelo CNPq e FAPERJ, sobre “Biologia de nidificação de abelhas e vespas solitárias em Mata Atlântica”.
Segundo ela, o trabalho tem permitido adquirir um grande conhecimento teórico e prático sobre biologia de insetos e sua importância para a manutenção e conservação da Mata Atlântica.
“Entrar em contato com a pesquisa ainda na graduação contribuiu para meu crescimento acadêmico, desenvolvendo ainda mais meu senso de responsabilidade e organização. A Iniciação Científica me permitiu ainda reafirmar a escolha pelo curso de Ciências Biológicas e me fez começar a pensar sobre os rumos que eu quero dar a minha carreira quando me formar”, projeta a estudante que pretende se especializar na área.
Conheça a pesquisa
A pesquisa em que Fernanda atua tem o objetivo de descrever a comunidade de abelhas e vespas solitárias da Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba. Esta unidade de conservação foi criada em 2002 para proteger um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica do Rio de Janeiro, que apresenta grande biodiversidade, com espécies ameaçadas de extinção, e é considerada um repositório de polinizadores importantes para agricultura.
Ela explica que as abelhas e vespas desempenham um grande papel na polinização de até 80% das plantas de importância para a agricultura e para o reflorestamento de áreas em recuperação, como as que ocorrem na Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba. Além disso, esses insetos são fundamentais para interações ecológicas, sendo presas para vários predadores. A partir do nosso entendimento da comunidade desses insetos com potencial bioindicador, pretendemos obter respostas sobre o estágio de conservação da área diante das novas medidas de recuperação e, assim, ajudar a formular estratégias para a manutenção e conservação das florestas”, detalha.
Fernanda informa ainda que, para caracterizar a comunidade de abelhas, foram amostrados na mata 266 ninhos de 12 espécies de insetos, números maiores comparados aos de levantamentos anteriores realizados na mesma área de estudo. Isso mostra um efeito positivo das ações de conservação na área. A próxima etapa será analisar detalhadamente os ninhos das abelhas e vespas e verificar os aspectos da arquitetura, como material utilizado para construção dos ninhos, número de células de cria e estratégias para evitar parasitas.