Serpentes vem ganhando espaço como animais de estimação
Beatriz Salles Monteiro, 24 anos, veio de São João de Meriti (Município da Baixada Fluminense no Rio de Janeiro) para estudar na UENF. O desafio de morar em outra cidade não foi problema para quem sonhou em ser Médica Veterinária.
Ainda no Ensino Médio a estudante fez uma pesquisa buscando universidades que ofereciam o curso de medicina veterinária, e foi através do Sisu (Sistema de Seleção Unificado) que Beatriz conheceu a UENF. “Fiz uma pesquisa e me encantei com o novo mundo universitário que eu poderia encontrar vindo para Campos. Acredito que os maiores desafios no inicio da graduação foram a distância de casa, adaptação a nova cidade, além das dificuldades passadas pela universidade naquele período (atraso dos salários, bolsas e no repasse para a universidade)”, lembra a jovem.
No início da graduação ela foi estagiária voluntária do NEPAS/UENF (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Animais Selvagens) quando lhe foi oferecida a oportunidade de desenvolver pesquisa com serpentes no setor de radiologia. “Em seguida surgiu a possibilidade de desenvolver uma pesquisa com animais selvagens, além de conhecer, atuar e obter experiência na rotina de um setor de radiologia veterinário, uma área que gosto muito”, ressaltou.
Beatriz hoje trabalha no Laboratório de Morfologia e Patologia Animal (LMPA) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) sob orientação da professora Helena Kiyomi Hokamura. “Consegui uma bolsa de IC e comecei a trabalhar no projeto, onde estou até hoje. Agora, o que posso afirmar é que se eu cheguei até aqui, eu não desisto mais”, declara.
Conheça a pesquisa
O projeto em que Beatriz atua na UENF tem o objetivo de estabelecer o tempo fisiológico do trânsito gastrointestinal de duas espécies de serpentes, que se intitula: “Anatomia radiográfica do sistema digestivo de serpentes – Boa constrictor e Pantherophis guttatus”. A estudante ressalta que há poucas informações sobre estas espécies que vem ganhando espaço como animais de estimação.
“A presença das serpentes têm se tornado cada vez mais frequentes no atendimento clínico veterinário em centros de atendimento à fauna silvestre, assim como em clínicas veterinárias voltadas ao atendimento de animais de estimação para atendimento de rotina. A casuística envolvendo as serpentes de vida livre está, geralmente, ligada a ação humana nas proximidades ou no habitat desses animais. As ocorrências geralmente se dão nas áreas urbanas ou próximas a residências. Com frequência as serpentes são vítimas de atropelamentos, de ataque por cães e gatos ou por ação agressiva do próprio homem. Para as serpentes de cativeiro uma das queixas de disfunções orgânicas mais comuns envolvem o sistema digestivo, daí a importância da nossa pesquisa”, disse ela.
A diversidade de espécies e o número reduzido de profissionais que optam pelas áreas de clínica e pesquisa com esses animais, se espelham quando buscamos por informações morfológicas e fisiológicas mais específicas. “Nossa pesquisa visa estabelecer um padrão anatômico radiográfico do sistema digestivo dessas serpentes, além de estabelecer um tempo médio de trânsito do trato digestivo através de exame radiográfico contrastado, a fim de auxiliar no diagnóstico clínico e no tratamento para desordens do sistema digestivo. Desta forma teremos uma estimativa do tempo que uma serpente leva para digerir o alimento em condições de normalidade. É ainda preciso aumentar o número de animais avaliados e realizar a análise dos dados obtidos” concluiu.
Por Jane Ribeiro