“Mais de 40 linhas de pesquisas em andamento no CBB”

“A produção científica do Brasil vem aumentando significativamente ao longo dos últimos 30 anos. O financiamento da ciência passa por uma crise atualmente, mas, mesmo assim, continuamos num ritmo interessante de crescimento de nossa produção científica nacional. Em 1992, o Brasil publicava em torno de quatro mil artigos científicos (originais e revisão), indexados em bases de dados internacionais; em 2002, atingiu 13 mil artigos e, em 2021, foram publicados 85 mil artigos. Este aumento quantitativo é inegavelmente resultado do fortalecimento da pós-graduação no país e também de ações como a Iniciação Científica”, avalia o professor doutor Vanildo Silveira, diretor do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB), um dos quatro centros de pesquisa que compõem a UENF. O docente afirmou que a Iniciação Científica (IC) é um grande orgulho para o CBB, que conta atualmente com 58 professores, todos diretamente envolvidos em projetos científicos com alunos. Destes profissionais, 33% são bolsistas de produtividade do CNPq.

Para Vanildo, é por meio da IC que é possível explorar a aptidão científica e acadêmica dos alunos. “Digo isso, pois a curiosidade e a vontade do saber são duas das principais características dos estudantes de graduação em Ciências Biológicas e, desde a criação da UENF, nossos discentes estão dentro dos laboratórios participando dos mais variados projetos de pesquisa. Nossos egressos que participaram formalmente da IC, mesmo que voluntários, possuem uma formação diferenciada cientificamente e fazem sucesso no mercado de trabalho e nos cursos de pós-graduação em instituições brasileiras renomadas, incluindo a UENF, e no exterior”, comenta.

 

Os laboratórios do CBB:

* Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT),

* Laboratório de Biologia do Reconhecer (LBR),

* Laboratório de Biotecnologia (LBT),

* Laboratório de Ciências Ambientais (LCA),

* Laboratório de Fisiologia e Bioquímica de Microrganismos (LFBM),

* Laboratório de Química e Função de Proteínas e peptídeos (LQFPP).

Todos eles contam com equipamentos modernos para o trabalho de professores, pesquisadores e universitários em atividades de pesquisa, extensão e aulas práticas. Há, segundo o professor Vanildo, mais de 40 linhas de pesquisa em andamento. Elas podem ser agrupadas em três áreas: Ciências Ambientais, Saúde e Biotecnologia Vegetal que estão contempladas nos três programas de pós-graduação do Centro.

“Mas é preciso abordar a dimensão do nosso corpo docente no CBB. A UENF, como um todo, ainda está em crescimento. Assim, possui uma característica peculiar em que, geralmente, temos apenas um docente atuante por linha de pesquisa. A maioria das instituições de referência no cenário científico nacional possui dois ou mais docentes por linha de pesquisa, aumentando o potencial das pesquisas e, consequentemente, sua massa crítica. Assim, penso que quanto mais avançarmos no quantitativo do nosso corpo docente, maior será o nosso sucesso”, pontua.

Ele declara, ainda, que todas as linhas de pesquisa são de suma importância para o Centro e os 58 professores coordenam centenas de projetos de pesquisa.

“É importante ressaltar que o sucesso da Iniciação Científica do CBB e da UENF está ancorado em nossos programas de pós-graduação aos quais os nossos docentes estão credenciados. Não seria possível dissociar a qualidade dos nossos estudantes de IC dos projetos dos docentes no âmbito da pós-graduação”, destaca o diretor.

Mas, para chegar ao universo das pesquisas científicas, o estudante tem que percorrer os primeiros caminhos da graduação. Assim, o CBB oferece os cursos de Ciências Biológicas na modalidade presencial, com habilitação Licenciatura e Bacharelado. Já na modalidade a distância (Ead), há oferta da Licenciatura em Ciências Biológicas UENF/CEDERJ. O professor explicou um pouco do que os futuros alunos dos cursos podem esperar:

“A Biologia é a ciência que estuda os seres vivos, a relação entre eles e o meio ambiente, além dos processos e mecanismos que regulam a vida. Nos cursos de biologia da UENF, os estudantes terão formação em áreas clássicas da área, assim como o contato com biotecnologias na fronteira do conhecimento, com as ciências ômicas. O curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UENF apresenta um núcleo comum e, a partir do sexto semestre, o aluno pode direcionar sua formação para um dos três núcleos profissionalizantes nas áreas de concentração de Biologia Celular e Saúde, Biotecnologia ou Ciências Ambientais. Os Cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas (presencial e EaD) da UENF têm como objetivo a formação de professores em nível superior para atuação na Educação Básica, através do ensino de Ciências nas séries finais do Ensino Fundamental e Biologia no Ensino Médio. A UENF é uma das melhores instituições de ensino e pesquisa do Brasil. Possui um corpo docente muito qualificado e com alta produção acadêmica. Possui, ainda, uma ampla gama de ações afirmativas que permitem aos estudantes de diferentes faixas de renda poderem cursar um curso de nível superior”.

O diretor Vanildo comentou que o mercado de trabalho para biólogos é amplo e os profissionais podem trabalhar em indústrias, laboratórios, unidades de conservação, empresas de licenciamento ambiental, zoológicos, consultorias e outros setores. “Muitos biólogos também seguem sua carreira acadêmica, continuando sua formação em nível de pós-graduação (mestrado e doutorado), se especializando em temas específicos da Biologia, podendo atuar como cientistas na pesquisa e desenvolvimento em empresas, institutos e universidades”, acrescentou.

Sobre a pesquisa científica no Brasil, o professor Vanildo esclareceu que há dois cenários. “No meio acadêmico, o aumento ao acesso à internet de qualidade tem permitido o rápido compartilhamento de publicações e informações entre os cientistas das mais diferentes áreas, promovendo um aumento significativo no avanço do conhecimento científico. Por outro lado, para o público em geral, a divulgação da ciência é praticamente nula. Como exemplo, a UENF é referência nacional em diversas áreas do conhecimento, mas a população da região não conhece nossas pesquisas. Sabemos que a ciência e a tecnologia são ferramentas cada vez mais indispensáveis nas tarefas cotidianas, mas compartilhar e explicar para públicos variados os avanços científicos produzidos nas diversas áreas do conhecimento são desafios comuns a cientistas de todo o mundo. Para atingir o público geral, é preciso apresentar os temas científicos com linguagens apropriadas e imagens jornalísticas, em que os cientistas em geral não possuem formação. Na UENF, temos algumas iniciativas para divulgação científica, principalmente no âmbito dos projetos de extensão, mas ainda precisamos avançar nesta área”, analisou.

Ele recordou que, além do avanço quantitativo das produções científicas nacionais, houve aumento em termos qualitativos, ainda que em ritmo menor. “Para avançarmos ainda mais em qualidade de nossas publicações e na fronteira do conhecimento, necessitamos de financiamentos contínuos e apoio institucional”, avalia.

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