Pesquisa objetiva entender respostas funcionais de espécies de plantas com ecologia bem conhecida

Jhonnatas Gomes Paiva, 23 anos, veio de Cabo Frio (Região dos Lagos do Rio de Janeiro) para estudar na UENF. No início o desafio de morar em outra cidade foi um grande problema, mas que foi superado com o sonho de se tornar um Biólogo e também por ter sido um dos premiados no XII CONFICT. Jhonnatas cursa Ciências Biológicas e faz parte do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB).

“Escolhi a UENF por ser bem conceituada na produção científica, por possuir os dois cursos de meu interesse (Ciências Biológicas e Medicina Veterinária), dentre outros fatores. Ao iniciar o curso de Bacharelado em Ciências Biológicas tive dificuldades para me habituar com o novo ambiente, o ritmo da universidade, a distância da família, mas pude conhecer novas pessoas e ter novas experiências que agregaram muito, tanto profissionalmente como pessoalmente” disse ele.

No início da graduação, Jhonnatas conta que permaneceu somente visitando laboratórios e tentando decidir em qual se encaixaria melhor, até conhecer a professora Angela Pierre Vitória, através de uma disciplina optativa.

“Como voluntário no Laboratório de Ciências Ambientais pude conhecer profissionais maravilhosos que me auxiliaram muito, até que no final do ano de 2019, pude conhecer meu atual orientador o pós-doutorando José Luiz Alves, que me deu a oportunidade de trabalhar com ele e posteriormente dar início ao nosso trabalho atual. Sou grato também a oportunidade de estar na IC. Para alguém que busca uma carreira científica, em qualquer área, a IC é essencial pois permite que o aluno tenha experiências que não seriam possíveis somente na sala de aula. A IC faz com que o aluno tenha uma noção real de como é o trabalho científico, além de diminuir a distância entre o aluno e o professor, fazendo com que ambas as partes consigam interagir melhor e trocar conhecimentos”, relatou.

Conheça a pesquisa

O projeto em que Jhonnatas atua na UENF tem como objetivo entender respostas funcionais de espécies de plantas com ecologia bem conhecida, de fácil identificação, muito abundantes e bem distribuídas, conhecidas como espécies generalistas. Estas espécies, segundo o estudante, possuem alta capacidade de se ajustar às mudanças que ocorrem no ambiente e por isso podem sobreviver em diferentes localidades.

Existe uma expectativa para este grupo de plantas na qual as respostas funcionais são direcionais e bem previsíveis. Por exemplo, o aumento na precipitação local levaria a um aumento em altura da planta em muitas espécies, se não todas. A precipitação foi usada como exemplo, pois o clima é um fator de grande ordem com potencial para distinguir populações e comunidades em escalas espaciais maiores do que a local. O nosso trabalho foi investigar a validade desta expectativa através da relação entre atributos funcionais como altura máxima da planta, área foliar específica, conteúdo de nitrogênio foliar, conteúdo de massa seca da folha e densidade do lenho, e aspectos do ambiente local como temperatura e precipitação médias anuais, sazonalidade e elevação topográfica”, disse o estudante.

Jhonnatas esclarece ainda que a pesquisa reúne informações de diversas literaturas, como artigos e teses, e que foram encontradas onze espécies que tinham informações suficientes para os atributos selecionados e que ocorriam em seis ou mais locais em diferentes biomas brasileiros.

Análises estatísticas revelaram que espécies generalistas possuem respostas ambientais diversas, mas muitas vezes ausentes, o que demonstra uma alta heterogeneidade e baixa previsibilidade na resposta ambiental do grupo. Além disso efeitos sazonais foram responsáveis pelas maiores respostas funcionais, principalmente em altura e conteúdo de nitrogênio. Podemos concluir que a plasticidade funcional tem um papel menor do que o amplamente assumido para o grupo, uma vez que locais ambientalmente contrastantes expressaram valores semelhantes para vários atributos. Isto nos leva a inferir que o sucesso na ampla distribuição de generalistas se dá em parte pela plasticidade (componente de variação) e em parte pela conservação dos atributos. É importante destacar que outros aspectos ambientais não considerados neste estudo, como nutrição do solo, podem estar envolvidos nestas respostas funcionais além do clima e topografia, e serão incluídos nas próximas etapas desta pesquisa”, finalizou.

Por Jane Ribeiro

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