Estudo com melhoramento genético pode acabar com uso de agrotóxicos em videiras

O estudante José Daniel durante o trabalho em laboratório

O estudante do curso de Agronomia José Daniel Gomes Andrade, 22 anos, é natural da cidade de Guaçuí, localizada no sul do Espírito Santo. Ele conheceu a UENF por meio de professores do curso técnico em Agropecuária, que cursava no Instituto Federal Fluminense (IFF), campus Bom Jesus do Itabapoana.

José Daniel começou na UENF em um trabalho voluntário com propagação de plantas, mas, na realidade, se interessava mais pelo melhoramento genético. Atualmente, ele participa da Iniciação Científica no Laboratório de Genética e Melhoramento de Plantas (LMGV), no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA). “A Iniciação Científica foi um divisor de águas na minha graduação, pois mesmo tendo uma grande afinidade com a área do curso, foi com ela que eu realmente senti que estava no caminho certo”, afirma o estudante que está no sétimo período de Agronomia.

Ao terminar a graduação, José Daniel pensa em continuar estudando e fazer mestrado e doutorado na área de melhoramento genético. Para ele, ser bolsista de Iniciação Científica é ao mesmo tempo desafiador e gratificante.

“Este ano, participei pela primeira vez do CONFICT apresentando o meu projeto à comunidade acadêmica e tive o privilégio de ser premiado em primeiro lugar na área de Ciências Agrárias. Foi um acontecimento inesperado que veio em um ótimo momento, me dando ainda mais garra para continuar neste caminho”, comemora.

Conheça a pesquisa

José Daniel trabalha sob a orientação da pós-doutoranda Eileen Azevedo Santos, cujo supervisor é o professor Alexandre Pio Viana. O estudo é feito em videiras. Ele conta que realiza a caracterização da diversidade genética, com base em marcadores moleculares, em populações obtidas de cruzamentos interespecíficos de Vitis (gênero de uva) para identificar os indivíduos divergentes. A pesquisa visa à resistência ao míldio, que é uma doença causada pelo fungo Plasmopara vitícola.

De acordo com o estudante, atualmente, esse fungo é o que traz mais prejuízos na cultura da uva, porque ataca toda a parte vegetativa da planta e prejudica a qualidade final das bagas. O combate é feito com o uso de defensivos químicos, sendo prejudicial ao meio ambiente e à saúde do produtor e do consumidor.

Neste caso, o melhoramento genético da videira assume um papel ecológico muito importante, pois usando uma variedade resistente, não se faz necessário o uso do controle químico. “O trabalho teve início com o cruzamento entre diferentes espécies de Vitis para a obtenção de uma população segregante. As populações obtidas desses cruzamentos foram avaliadas com base em marcadores moleculares para verificar a diferença entre os indivíduos com base no seu DNA. Os indivíduos identificados como geneticamente divergentes serão cruzados dando origem a uma nova população para a continuidade do programa que visa ao lançamento de uma cultivar resistente ao míldio”, explica o estudante.

Por Francislaine Cavichini

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