Políticas Lingüísticas nas Escolas da Rede Pública

Nossa estratégia consiste, primeiramente, em justificar a necessidade de se avaliar as políticas de ensino de línguas, com vistas a respaldar projetos de educação continuada. Para tanto, uma visão mais aproximada da realidade da linguagem (na sua diversidade, função e adequação) deve se fazer presente na ação administrativa da escola para que novas políticas e diretrizes estejam permanentemente agindo entre os professores no âmbito das relações sociais conduzidas pela linguagem, o que julgamos fundamental como pesquisadores das áreas de Educação e Linguagem. Nossa proposta de um Projeto de extensão se justifica ainda por desejarmos dispor os grupos pesquisados de um aparato teórico adequado para encaminhamento de solução de problemas concernentes ao uso da língua como instituição social que é. Desde os anos 70, a Lingüística passou a compor o currículo dos cursos de Letras, o que propiciou uma reflexão crítica sobre a natureza variacional das línguas entre os futuros professores. A partir de então, os professores passaram a ter condições de orientar sua prática em sala de aula dentro dos critérios científicos. Entretanto, esta intervenção na prática não se efetivou plenamente por conta de outros obstáculos tais como: metodologias e aplicação da Lingüística não satisfatória nos livros didáticos utilizados, orientação dos currículos para atendimento a exigências de concurso e não para o uso social e funcional da língua, inculcação da gramática ideológica. Estes, a nosso ver, constituem entraves ao desenvolvimento da língua na sua funcionalidade. A orientação científica dos estudos de lingüística, por força dos obstáculos, não se encontra plenamente estabelecida, razão pela qual entendemos que a gramática continua sendo o apoio fundamental da orientação dos programas de línguas, uma vez que se observa que a noção que se procura ter de língua é a de uma estrutura estável, acabada, disponível de maneira uniforme entre todos os falantes. Na ausência de um saber e de uma prática compatíveis com a Lingüística, o professor, freqüentemente, deixa-se guiar pelo senso comum, da ordem do ideológico, no qual a ilusão de uma língua perfeita se estabelece. Entendemos que tal arbítrio justifica o desenvolvimento de um Projeto como o que se propõe.
Os resultados esperados se resumem no seguinte: a escola será orientada através de assessoria, consultorias e desenvolvimento de programas e projetos visando a discussão, planejamento e implementação de metodologias específicas no campo dos usos sociais da linguagem com vistas à formação cidadã de jovens e crianças bem como à formação continuada de professores. Após a experiência de três anos com o Projeto, tem intenção de leva-lo aos cursos de Letras e Pedagogia de outras instituições objetivando a implantação do debate sobre a necessidade da lingüística e da pedagogia em programas de formação de professores.

Palavras – chave: Pedagogia Lingüística; ensino de línguas; variedades lingüísticas; cidadania