Reitor da UENF, Raul Palacio, se reuniu na última sexta, 23/06, com representantes do governo federal para tratar do assentamento, onde a UENF desenvolve projetos
Em reunião na última sexta-feira, 23/06/23, com o reitor da UENF, Raul Palacio, na Casa de Cultura Villa Maria, o coordenador geral do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) no Rio de Janeiro, Vitor Tinoco, e a superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Maria Lúcia Ponte, sinalizaram que em breve será oficializado o assentamento da antiga usina de Cambaíba, em Campos dos Goytacazes.
— Esse será o primeiro assentamento do terceiro governo Lula, e isso é um fato histórico no processo de reconstrução nacional — disse Tinoco.
Ressaltando que aquela era a primeira reunião na Villa após a sua reforma, o reitor cobrou urgência em relação à situação dos assentados, que não avançou durante o último governo. Maria Lúcia garantiu que é sua prioridade resolver essa questão, mas lembrou que tem pouco mais de dois meses à frente do órgão e ainda está se informando sobre o acampamento de Cambaíba. A superintendente disse, no entanto, que é de interesse do Incra manter a parceria com a UENF.
— Quando cheguei, ouvi falar que a UENF tinha um projeto, mas ninguém sabia informar nada a respeito. Esse processo foi muito complicado no governo anterior. Foi graças ao esforço dos servidores do Incra que saiu a emissão da posse, pois não havia interesse. Então o Incra passou a ter a posse da terra e agora pode começar projetos ali — disse.
Raul lembrou que a UENF vem trabalhando no acampamento desde o seu início. Segundo afirmou, a Universidade ajudou a formular o Edital de Seleção de Famílias e iniciou uma série de cursos de capacitação para ajudar as famílias que já estão acampadas no local a obterem mais pontos no edital. Maria Lúcia disse que estão sendo discutidas em Brasília mudanças neste Edital.
— Queremos mudar, privilegiar quem já está lá no acampamento, quem realmente fez a luta para conquistar a terra. Mas tenho que aguardar o retorno de Brasília. Isso não impede que a gente vá discutindo o assentamento. Esperamos que em muito breve ele seja oficializado — afirmou a superintendente do Incra.
— O que queremos é destravar esse processo, para ver se até o final desse ano a gente consegue entregar a terra. Porque o pessoal já está lá há muito tempo. Gostaria de passar a minha indignação por ainda não ter concluído e a minha solidariedade ao pessoal que está lá. Queremos poder dar início ao nosso projeto, que não é algo imposto, mas foi desenvolvido ouvindo os acampados — disse o reitor da UENF.
Também presente à reunião, a deputada estadual Marina do MST salientou a importância da UENF no movimento de resistência pela manutenção do acampamento de Cambaíba.
— Todo esse esforço da Universidade é parte de um processo muito grande que passamos com essas famílias, resistindo a disputas, inclusive ideológicas. É importante para o próprio Incra ter já estudos e um projeto para ajudar as famílias que estão no local. Espero que o anúncio do assentamento saia o quanto antes — disse.
Integrante do projeto Unidade Escolas de Produtividade Rural (UEPR), coordenado pelo professor Geraldo Timóteo, Géssica da Silva Santos disse que o trabalho começou há cerca de dois anos.
— O projeto foi pensado como uma política pública baseado no PEA/Pescarte, podendo ser usado em todo o Estado do Rio de Janeiro. É uma tecnologia que pode ser reproduzida em qualquer grupo social. O projeto vem com a proposta do Incra de que a terra se torne produtiva. Queremos ajudar o produtor a continuar tendo sua terra produtiva — disse.
A reunião, promovida pela UENF, teve ainda a participação da diretora da UFF/Campos, Ana Maria Almeida; do pró-reitor de Extensão da UENF, Olney Motta; Luana Carvalho e Fernanda Vieira (ambas do MST/RJ); do assentado José Carlos da Silva (Assentamento Dandara dos Palmares); Estefânio Silva (DCE/UENF); Lucas Tavares (bolsista do projeto UEPR), Rachel Klem (Agência de Inovação/UENF); Paula Santana e Letícia Diniz (projeto de extensão Agroecologia nas Escolas, coordenado pelo professor Fábio Coelho).