“Ministrar aulas no EquiLibras é mostrar que o surdo é capaz de protagonizar histórias estando à frente de projetos como qualquer outro cidadão”. A declaração é da professora surda Bárbara Nogueira que compartilha conhecimento e experiências de vida, dando uma maior visibilidade do sujeito surdo, que ainda hoje é mal compreendido por grande parte da sociedade. O EquiLibras é um projeto do Núcleo de Acessibilidade Pedagógica (NAP) da UENF que visa promulgar a Libras de forma contextualizada. A coordenação do projeto é do professor Sergio Cardoso.
A professora ressalta a importância do protagonismo de pessoas com deficiência nos projetos do NAP.
— Agradeço a toda equipe do NAP, desde o coordenador aos bolsistas, por terem o viés do “Nada sobre nós sem nós”. Oportunizar cursos de Libras, Braile, TEA, entre outros sem ter as devidas pessoas com deficiência em seu planejamento é tratar o tema da inclusão de maneira superficial — declara.
Para a realização das aulas de Libras, Bárbara conta com a parceria do intérprete Marcelo Monteiro e ainda com bolsistas monitores.
— Dar apoio à Bárbara, professora surda de Libras do NAP, tem sido mais que prazeroso, é um aprendizado constante, parece que ali em sala, a gente se completa — comenta Marcelo.
Didática – De acordo com a professora Bárbara, as aulas são sobre situações cotidianas como cumprimentar, pedir algo, coisas simples do dia a dia. A proposta é trazer uma aula interativa, divertida e que leve reflexões não só da língua em questão, mas conceitos sobre cultura e comunidade surda. Para gerar maior descontração, são realizadas dinâmicas.
— Nós nos surpreendemos com a desenvoltura e criatividade de como eles passam por meio de gestos e expressões aquilo que pedimos, fora as boas gargalhadas que damos com cada performance — comemora Bárbara.
A professora lembra que ao longo do curso, e com seis turmas formadas, participaram apenas três alunos com deficiência.
— Recebemos professores que querem ampliar o conhecimento de como interagir com um aluno surdo; profissionais da área comercial e da saúde que querem fazer um atendimento mais humanizado e inclusivo para os surdos; e pessoas que têm amigos surdos ou com alguma deficiência auditiva em sala de aula e quer ter mais interação — esclarece.
Recentemente, a aluna neurotípica Isabela Vitório Pereira Barreto Azevedo, 20 anos, esteve engajada e comprometida com a inclusão durante o curso.
— No ensino médio eu percebia alguns alunos surdos que ficavam excluídos na sala de aula. Então eu tive vontade de estudar Libras para conseguir me comunicar. Soube do curso do NAP e resolvi me inscrever. Achei maravilhoso. Adorei a didática dos professores. Quero continuar estudando Libras — afirma Isabela.