Com uma apresentação do Projeto de Capoeira da UENF, liderado pelo Mestre Peixinho, foi aberta na tarde de ontem, 12/11/24, o Novembro Negro da UENF, que se estende até hoje, 13/11/24, com a II Semana da Consciência Negra e a Mostra de Cinema Decolonial da UENF.
O evento tem por objetivo promover a conscientização sobre a importância das lutas e resistências históricas da população negra no Brasil, propondo um espaço de reflexão sobre as relações étnico-raciais no país, abordando questões de opressão, racismo estrutural e a valorização da identidade negra.
Há 30 anos atuando na Universidade, Mestre Peixinho disse que a capoeira é uma manifestação cultural, educacional e um esporte genuinamente brasileiro. Segundo afirmou, a capoeira está presente em mais de 160 países e é a maior divulgadora da língua portuguesa no mundo.
— Capoeira não é religião, ela abraça todos os tipos de religião. É uma cultura viva em que a gente desenvolve a dança, o maculelê, o jongo, a mana-chica, samba de roda e toda a parte específica da capoeira — afirmou.
Coordenadora do projeto, a professora Lílian Saggio disse que o projeto de Capoeira da UENF tem mudado a vida de muita gente. Muitos jovens que tiveram aulas com o Mestre peixinho quando eram crianças hoje são alunos da Universidade, mestres e doutores.
— Mestre Peixinho sabe todos os traçados, os segredos, os fundamentos de uma arte, de uma expressão cultural, de uma resistência e uma luta que se mantém e está ligada a uma memória da África. E isso foi transmitido de boca a ouvido, através da performance e do ritual que os mestres ensinaram para esse mestre, e hoje ele ensina para seus aprendizes dentro e fora da UENF — disse a professora.
Ao participar da mesa de abertura, o reitor em exercício, professor Fábio Lopes Olivares registrou o apoio institucional ao evento, que ganhou este ano mais potência, visibilidade, abrangência e diversidade.
— A instituição botou a mão na massa e criou uma segunda semana mais robusta que a primeira. Espero que esta seja a tendência para os próximos anos. Assim a UENF reafirma seu compromisso no combate às desigualdades históricas e estruturais que persistem em nossa sociedade. Desigualdades baseadas na cor da pele, na sexualidade e na condição socioeconômica ainda são realidades que precisam ser superadas — afirmou.
O reitor em exercício lembrou que o movimento negro ganhou força na década de 1970, a partir de mobilizações da sociedade, como o Movimento Negro Unificado, representando não apenas a valorização da rica cultura ancestral africana como também um símbolo de resistência e afirmação alinhado com esses propósitos.
— Esse evento enaltece a promoção da conscientização sobre a importância das lutas e resistências históricas da população negra brasileira, estimula a reflexão sobre relações étnico-raciais, aborda questões de opressão e racismo estrutural e valoriza a identidade negra — afirmou.
A coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI/UENF), professora Clareth Reis, ressaltou que a luta do movimento negro deve ocorrer todos os dias, e não apenas em novembro.
— Hoje é uma data importante, a abertura do nosso Novembro Negro, que na verdade já começou com a abertura do curso de formação para atuar em bancas de heteroidentificação. Mas a luta é cotidiana. Em novembro a gente se alegra porque é o mês da consciência negra, mas a luta tem que ser no dia a dia. No entanto, é importante sim esta data para reafirmar essa nossa luta, que não é fácil, é árdua — disse.
A mesa de abertura teve ainda a participação dos pró-reitores de Extensão, Débora Guerra; de Assuntos Comunitários, Milton Kanashiro; do diretor do Centro de Ciências do Homem da UENF (CCH), Geraldo Timóteo; e de Gustavo Rangel, representando o diretor de Cultura da UENF, Giovane Nascimento.
O evento se estende até quinta-feira, 14/11/24. Veja AQUI a programação.
(Jornalista: Fúlvia D’Alessandri / Fotos: Maria Clara Freitas – ASCOM/UENF)