
Agroecologia é mais do que uma técnica de cultivo. Para pequenos produtores rurais do Norte e Noroeste Fluminense, ela tem sido caminho de sustento, autonomia e conexão com a terra e com as pessoas. Na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), a agroecologia ganhou corpo, forma e visibilidade através da Feira Regional de Produtores Agroecológicos, promovida pela Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares (ITEP/UENF).
Em três edições realizadas em 2025, a feira reuniu mais de 50 agricultores de diferentes municípios do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, movimentando alimentos sem agrotóxicos, trocas de saberes e práticas sustentáveis. Muito mais que um evento pontual, a iniciativa se firmou como uma vitrine viva da Economia Solidária, onde quem produz encontra quem valoriza o que é local, justo e coletivo.
— Estar aqui traz muita alegria: é conhecer gente nova, apresentar meus produtos e ver quem aprecia o que fazemos — afirmou Edileia de Almeida Carvalho, produtora de São Francisco de Itabapoana, presente na terceira edição da Feira.

A iniciativa da ITEP/UENF mostra na prática o que a Economia Solidária propõe: organização coletiva da produção, fortalecimento de redes e promoção do consumo consciente. Ao promover a Feira junto com parceiros como o IFF e movimentos sociais, a ITEP amplia a visibilidade da agricultura familiar e promove intercâmbio de saberes entre campo e cidade.
— Como incubadora, nosso intuito é aglutinar e identificar os trabalhadores da agroecologia de várias cidades — explica Nilza Franco, assessora técnica da ITEP/UENF.
O sucesso das feiras, realizadas em Campos, Bom Jesus do Itabapoana e novamente na UENF, também reforça o compromisso da universidade com o desenvolvimento regional. Oficinas, apresentações culturais e atividades formativas ajudam a conectar o saber acadêmico com o conhecimento popular. E, mais do que vender, os produtores também aprendem, compartilham e constroem novas perspectivas de futuro.
Redesenhando caminhos
Paralelamente, o projeto Design Solidário, também da ITEP/UENF, tem redesenhado caminhos para artesãs e pequenos empreendedores da região. A iniciativa leva formação em ecodesign, curadoria e identidade visual a mais de 160 empreendimentos de economia solidária, incluindo grupos de artesanato, biojoias e mobiliário sustentável.

Mais que estética, a proposta é fortalecer o valor simbólico e econômico dos produtos, potencializando vendas e autoestima de quem produz. Cursos como o de bordado — já em sua terceira turma — têm sido um sucesso de participação e retorno.
— O bordado, além de ser terapêutico, é um grande gerador de trabalho e renda. Virou uma sensação. Isso não tem preço — afirma a estilista e bolsista Célia Teixeira.
Ao colocar os saberes da comunidade como ponto de partida para soluções sustentáveis e inclusivas, tanto a feira agroecológica quanto o Design Solidário mostram que é possível produzir com cuidado, vender com justiça e viver com dignidade.
— A universidade quando faz esse tipo de evento tem como objetivo criar pontes com a comunidade — reforça Nilza Franco.
Com iniciativas que unem conhecimento acadêmico, tradição popular e compromisso social, a ITEP/UENF se consolida como um dos principais atores no fortalecimento da Economia Solidária na região. E, a cada feira, oficina e nova parceria, as sementes plantadas continuam germinando.
(Jornalista:Jorge Rocha – Fotos: Beatriz Harumi/ITEP-UENF)