Depois de uma intensa semana que reuniu 1271 trabalhos científicos; além da presença de cientistas renomados em conferências e outras atividades científicas e culturais, encerramento ocorre nesta sexta à tarde.

Um evento inteiramente pensado para que os estudantes possam engrandecer, ainda mais, suas áreas de pesquisa e as próprias vidas. No ano de 2025, o XVII Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) e o X Congresso Fluminense de Pós-Graduação (CONPG), após reunir, no mínimo, 2160 participantes, contando os inscritos, pôde contar com uma gama de presenças de pesquisadores que agregaram as mais atualizadas discussões a respeito da ciência no Brasil e mundo — tudo em torno do tema “AGUA: universalização, gestão, ação”.
No penúltimo dia de evento, na última quinta-feira, 10/07/25, na Conferência III, a UENF recebeu o Diretor Científico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Olival Freire Junior, que falou sobre “Política de Ciência, Tecnologia e Inovação – Balanço e Perspectivas”.
Além do pesquisador, o dia foi repleto de eventos como o I Encontro de Pós-Graduação Lato Sensu; apresentações de banners; sessões de apresentação oral, entre outros.
Este ano, o autor da melhor pesquisa de Iniciação Científica (IC) vai ganhar um intercâmbio de 30 dias em Coimbra, Portugal. Na categoria de Trabalho de pós-graduação, o prêmio será uma viagem para participação em congresso científico nacional.
Incentivo à pesquisa é essencial para valorização da ciência

Conferencista da última quinta-feira, o diretor Científico do CNPq, Olival Freire Junior, é pesquisador brasileiro e sua trajetória acadêmica se entrelaça com sua paixão por teoria quântica na mesma medida em que se dedica à história da ciência, ao ensino de ciências e ao desenvolvimento nacional.
Em sua palestra, o professor Olival, entre outros destaques, traçou um cenário sobre o panorama dos programas e políticas de financiamento da ciência e tecnologia no país. A conferência foi realizada de forma remota, e teve como mediador o vice-reitor da UENF, Fábio Olivares.
Enfatizou, ainda, a questão da dicotomia entre as políticas de Estado e políticas de governo para financiamento à pesquisa científica e tecnológica. Além disso, mostrou alguns números a respeito do financiamento à pesquisa em função dos governos e a predisposição que eles têm em financiar ciência e tecnologia.
Ainda em sua palestra, mostrou o efeito impactante de uma política anticiência que foi estabelecida no Brasil — no governo anterior ao atual — que causou, inclusive, a morte de um pesquisador e prejudicou outros colegas da ciência que, entre outros fins, sofreram exílio.
O pesquisador e Diretor Científico do CNPq ainda acentuou a importância das ações afirmativas que o CNPq implementa para contornar desvios de percepção da sociedade sobre determinados grupos minoritários, entre outras condutas atuais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
— Quando a gente faz referência à valorização da ciência, é também um problema de atitude no país. Esse movimento teve seus altos e baixos e um dos baixos foi exatamente esse período dos governos anteriores. Um período que já ensaiava no governo do presidente Temer. Essa não valorização adquiriu uma evidência quando o governo anterior subestimou a existência da pandemia, o papel da vacinação, o papel do isolamento e do enfrentamento da pandemia — destacou Olival.

Retorno da ciência como Política de Estado
Durante a conferência, Olival destacou o retorno da Ciência como Política de Estado
Segundo o pesquisador, o Governo atual do Brasil restaurou a Ciência como política pública. Ainda no final de 2022. nos trabalhos da Equipe de Transição. conseguiu-se a decadência da Medida Provisória 1.136/2022, que limitaria os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) a 58% do total da receita prevista para 2023.
— Os recursos do FNDCT foram integralmente recuperados com a publicação da Lei 14.577 de 11 de maio de 2023. A iniciativa do Governo Federal renovou o ânimo da comunidade científica brasileira e impactou positivamente as ações implementadas pelo CNPq naquele exercício —defendeu.
A PEC da Transição, de fins de 2022, incluiu o componente de C&T, o que permitiu recomposição do orçamento do CNPq e reajuste dos valores das bolsas, segundo Olival.
Um dos financiamentos feitos com recurso do FNDCT são as Chamadas dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) 2024.
— Aqui quero parabenizar um grupo da UENF que ganhou esta Chamada, que é o grupo do professor do Alexandre Pio Viana, um dos contemplados [veja matéria AQUI]. Este é um grupo que trabalha com fruticultura tropical. E parabenizar, também, o grupo do professor Vanildo Silveira, que é um grupo que ficou em condição de suplência — lembrou Olival.
Sobre a valorização da ciência, Olival também disse:
— O que a gente expressa da valorização da ciência como política de estado vai desde o financiamento ao conhecimento simbólico e ajustes nas condutas, de modo que a ciência não seja compatível com condutas que possam ferir a ética ou a dignidade do cientista ou da cientista — pontuou.

No que tange à questão orçamentária, ele defende que há, ainda, um caminho para evoluir dentro das necessidades de desenvolvimento da ciência no Brasil
— Nós crescemos no número de formação de doutores. Nós chegamos a formar 24 mil doutores por ano. Eu sei que a UENF se orgulha de ser uma Universidade em que todos os docentes têm doutorado. Mas a gente precisa de doutores não só para produzir o corpo docente dos institutos e nas universidades. Nós precisamos de doutores para estar na sociedade, nas empresas, no estado, no estado federal, nas prefeituras — defendeu.
O pesquisador ainda afirmou que quando se analisa o gráfico de bolsistas de produtividade, vê-se que esse número têm crescido. Mas têm crescido de modo diferente do número de doutores.
— Então nós temos um descompasso entre a formação de doutores que precisa ter continuidade e o orçamento de fomento à ciència e tecnologia que precisa ser mais reforçado do que ele é atualmente —reforçou Olival.
(Jornalista: Thábata Ferreira – Fotos: Cassiane Falcão – ASCOM / UENF)