Campus de Macaé passa a se chamar Carlos Alberto Dias

A emoção marcou a Sessão Solene do Conselho Universitário da UENF (CONSUNI) realizada na manhã desta sexta-feira, 26/02/21, através do Google Meet, para homenagear o professor Carlos Alberto Dias, falecido em dezembro. Diversos convidados prestaram sua homenagem, como professores que participaram de sua trajetória profissional, alunos e os familiares mais próximos: sua esposa, Maria Virgínia da Silva Dias; e seu filho, Poty Silva Dias.

O Conselho deliberou que, a partir de agora, o Campus de Macaé — onde funcionam os Laboratórios de Engenharia e Exploração de Petróleo (LENEP) e de Meteorologia (LAMET) — passa a se chamar Carlos Alberto Dias, em reconhecimento pelo seu importante papel na Universidade. Dias atuou fortemente na implantação da UENF e do LENEP, onde foi professor até sua aposentadoria, em 2007, tendo recebido, em 2017, o título de Professor Emérito da UENF.

O reitor Raul Palacio, ao lado da esposa do prof. Dias, Maria Virgínia da Silva Dias, e de seu filho, Poty Silva Dias, participaram da Sessão Solene do CONSUNI

O primeiro convidado a prestar a sua homenagem foi o professor Wanderley de Souza, que ocupou o cargo de primeiro reitor da UENF, em 1993. Visivelmente emocionado, Wanderley contou que conheceu Dias muito antes da criação da UENF, durante uma reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Mas foi em 1991 que os dois começaram a atuar juntos na implantação da UENF, a convite de Darcy Ribeiro. Numa reunião com Brizola para discutir as áreas da Universidade, quando foi aventada a criação de um curso de petróleo, Darcy foi categórico: “Temos que buscar o Dias”.

Segundo Wanderley, isto aconteceu porque o professor Dias, já nesta época, era considerado uma sumidade no assunto. “Ele tinha uma carreira brilhante. Saiu do interior do Pará, veio para o Rio estudar na UFRJ, fez doutorado na Universidade da Califórnia, depois voltou ao Brasil e passou vários anos na Universidade da Bahia (UFBA) e na Universidade do Pará”, lembrou.

Durante a cerimônia, foram lembrados momentos marcantes da trajetória do professor Dias na UENF, como o encontro com Brizola (primeira foto) e com o primeiro reitor da Universidade, Wanderley de Souza (segunda foto, à sua direita).

Ele destacou ainda outra peculiaridade do professor Dias: seu amor pela causa indigenista. “Darcy sempre falava que o Dias era quase um antropólogo. Ele tinha uma biblioteca invejável de livros sobre a questão indigenista no Brasil, a qual é importante que seja preservada. O Darcy às vezes queria pegar alguns livros que só ele tinha, mas ele não deixava. Durante toda a sua vida, ele se dedicou muito a esta questão”, afirmou.

O professor Alex Fiúza, da Universidade Federal do Pará (UFPA), relatou um dos últimos esforços de Dias, que foi o projeto  de implantação de um polo de ensino na área de petróleo em Salinas, no Pará. “Eu era o reitor da Universidade, e ele me disse: ‘Alex, surgiu uma oportunidade única de eu retribuir a minha cidade natal. Estou sabendo que a Petrobras já tem indícios suficientes de uma bacia de petróleo no Norte do Brasil. Vamos ter que ser protagonistas disso, criando um polo de conhecimento de petróleo em Salinas’. Já tínhamos 11 campi, mas era mais uma oportunidade”. Segundo Fiúza, “Dias tinha um profundo idealismo e dedicação à ciência e educação. Na idade em que estava, não mediu esforços para criar mais uma estrutura universitária em sua terra natal”.

Para ele, não é apenas a vida acadêmica de Dias que é importante resgatar, mas sobretudo seu caráter e dedicação às causas sociais. “Ele acreditava que era a partir do conhecimento que se conseguia a libertação do ser humano. O Dias não buscava currículo; isso era consequência. Ele não vivia para dentro da Universidade, mas para fora, para os desafios do País, e usava a sua condição universitária para ser protagonista da solução desses desafios. Ele é um modelo para todos nós”, disse o professor.

A Sessão Solene do CONSUNI foi realizada através do Google Meet

O reitor da UENF destacou que a homenagem feita pelo Conselho Universitário é uma forma de imortalizar o professor Dias. “Quando a gente homenageia o professor Dias está homenageando também a ciência, a educação e a sociedade brasileira. Ele foi um desbravador na ciência e na educação. Um líder que conseguia unir as pessoas para alcançar seu objetivo, que era um compromisso muito sério com a comunidade”, afirmou. “Precisamos todos dar continuidade ao legado desse grande brasileiro”, completou a vice-reitora.

Também prestaram homenagem ao professor Dias o engenheiro sênior da Petrobras e ex-orientando do professor Dias, Marcos Machado; o professor Antônio Lima, da UFBA (que enviou um comunicado lido pela professora Annabell Tamariz, do CCT/UENF); o professor aposentado do Laboratório de Meteorologia da UENF (LAMET), Valdo Marques; o cirurgião dentista Poty Silva Dias, filho do professor Dias; o professor Fernando Moraes, atual chefe do LENEP; o professor Nilton Rocha Leal, que também participou da implantação da UENF; a professora do CBB/UENF, Olga Lima Tavares; a professora do CCH/UENF, Luciane Soares; a professora do LAMET/CCT, Maria Justi; e o professor do LENEP/CCT, Viatcheslav Priimenko.

Visão aérea do Campus de Macaé, que agora passa a se chamar Campus Carlos Alberto Dias

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