Recentemente o Comitê de Bacia da Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana providenciou, junto ao Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), a contratação de uma empresa para fazer o projeto de reforma e revitalização dos canais Coqueiros, Cambaíba, Cacomanga e do Vigário, em Campos. Inicialmente, a previsão é que o trabalho da empresa dure cerca de um ano e que as obras sejam iniciadas após a conclusão de todo o planejamento.
De acordo com João Gomes Siqueira, diretor secretário do Comitê do Baixo Paraíba do Sul, a conquista foi resultado de um processo iniciado em 2016, com a implantação da Sala de Monitoramento, que apontou a necessidade da revitalização dos canais e comportas ligadas ao Rio Paraíba.
“Nós entendemos que, na seca, sem a água do Paraíba nós não conseguimos manter as lagoas, a produção agropecuária e o abastecimento da Baixada Campista. Somos extremamente dependentes do rio”, ponderou.
Desde 2009, o Comitê do Baixo Paraíba faz parte do Ceivap, que é o comitê federal da Bacia do Paraíba do Sul, e há três anos foi iniciado um diálogo sobre a necessidade de compensar a retirada de água para o Guandu, através da transposição de Santa Cecília, que reduziu a vazão e a quota do Paraíba na Baixada.
“Há dois anos, o Ceivap criou um grupo de trabalho sobre vazões, estudando formas de regularizar a vazão da calha do Paraíba do Sul. A partir disso, foi decidida a contratação de uma empresa para fazer um plano executivo, analisar os impactos para, a partir disso, começar a obra para a revitalização dos canais e comportas”, explicou.
Campos conta com 1.350 quilômetros de canais, entre principais e secundários, e vários deles aduzem água do Paraíba do Sul, o que impacta diretamente não só o município, mas cidades como São João da Barra, São Francisco de Itabapoana e Quissamã.
De acordo com João, a previsão é que sejam realizadas discussões com a participação da sociedade para debater a proposta. Ele destacou a importância da obra para o desenvolvimento regional.
“Quando chegar o período de seca, quando o rio não consegue ter nível para aduzir água por gravidade, será iniciado o processo artificial de bombeamento, mantendo a água nos canais, com fluxo, nível e vazão adequados, como vamos estipular no projeto. Será possível ter segurança hídrica na Baixada, usando a água para irrigação, agropecuária e para implementar indústrias”, completou.
Para João, a Universidade Estadual do Norte Fluminense é parte importante nessa conquista, porque sempre se mobilizou nas causas que envolvem o Rio Paraíba.
“Desde 2009, quando foi criado o comitê de bacias, a sede do Baixo Paraíba do Sul funciona na Universidade Estadual do Norte Fluminense. Diversos professores da UENF vem participando ativamente do Comitê ao longo dos anos, e a Universidade está totalmente inserida nessa construção. A UENF desempenha um grande papel no cenário regional, estadual e sempre esteve na ponta desse processo, apoiando as causas relacionadas ao Rio Paraíba do Sul. Além disso, a UFRRJ, UFF e IFF também sempre estiveram juntas decidindo nossas ações”, destacou.
Siqueira destacou a relevância do projeto para a região desde o fim da década de 80.
“É uma luta de muitos anos. Logo após a contratação da empresa pelo Ceivap, o INEA fez questão de comparecer aqui em Campos, conhecer o nosso sistema de canais e comportas para nos ajudar na conclusão desse trabalho. Desde 2012 eu represento a UENF na diretoria da Ceivap. A contratação dessa empresa para a construção do projeto é a ação mais importante desde a extinção do DNOS aqui na região, feita em 1989. Desde então, não houve ações relevantes nos canais de Campos. Esse é o momento mais importante que estamos vivendo no quesito água, envolvendo Campos, São João da Barra, São Francisco e Quissamã”, finalizou.