Conselho Universitário da UENF aprova título de Benemérita para Finasinha Queiroz

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Ela doou em testamento o palacete em que morava para a primeira universidade que se instalasse em Campos dos Goytacazes, onde hoje funciona a Casa de Cultura Villa Maria

Em reunião realizada na última sexta-feira, 21/06/24, o Conselho Universitário da UENF (CONSUNI) aprovou a concessão do título de Benemérita à senhora Finasinha Queiroz, em reconhecimento à doação do Palacete que hoje abriga a Casa de Cultura Villa Maria para a UENF. A homenagem à Finasinha será realizada na Sessão Solene do CONSUNI durante o aniversário de 31 anos da Universidade, em 16/08/24. Também será colocada uma placa em sua homenagem na Casa de Cultura.

Finasinha

Filha de Benedito de Azevedo Queiroz e Teresa Linhares Tinoco Queiroz, donos de uma casa bancária situada na Praça São Salvador (onde hoje está o prédio do Banco do Brasil), Maria Queiroz recebeu o apelido de Finasinha quando pequena, por ter nascido no dia de Finados.

Finasinha nasceu em 1887, na chácara da família, localizada na rua Gil de Góis, sendo herdeira de algumas das famílias mais ricas de Campos do século XIX: Queiroz, Tinoco, Gregório e Linhares. Formou-se professora na Escola Normal de Campos, que na época funcionava no Liceu de Humanidades. Quando tinha 19 anos de idade, casou-se com o engenheiro e industrial Atilano Chrisóstomo de Oliveira, dono das usinas Mineiros e São Pedro do Paraíso.

O palacete

Em 1918, Atilano mandou construir o palacete Villa Maria como um presente para a esposa. Em estilo eclético, inspirado nas antigas vilas italianas, a casa foi projetada pelo arquiteto José Benevento, o mesmo que projetou o Palácio Nilo Peçanha (antigo Fórum) e a Catedral.

O palacete foi palco de grandes festas, com a presença de autoridades. Uma delas foi o presidente Getúlio Vargas, que foi recebido duas vezes no local. O então presidente participou de banquetes e chegou a aparecer do alto da sacada, saudando o público do lado de fora da casa. Outra festa concorrida foi o casamento da filha do casal, Alice, que contou com comemorações para todas as classes sociais.

‘Rainha da Bondade’

Ao ficar viúva, em 1944, Finasinha assumiu o comando de todos os negócios do marido — empresas, usinas e imóveis. Notabilizou-se por participar e promover eventos sociais e culturais. Um destes eventos foi a Festa do Açúcar, na qual era escolhida a “Miss Usina”, evento que ocorria em agosto, durante a Semana do Santíssimo Salvador. Era comum a presença de autoridades federais, convidadas pessoalmente por Finasinha.

Ao mesmo tempo que tinha prestígio entre os poderosos, Finasinha atuava junto aos pobres. Costumava distribuir presentes todos os Natais, quando filas imensas se formavam em frente ao portão de sua casa. Também ajudava inúmeras entidades beneficentes de Campos. Foi escolhida como “madrinha” do Liceu de Humanidades de Campos, Polícia Militar, Associação de Imprensa Campista e Lira de Apolo. Na cidade de Campos dos Goytacazes, costumava ser chamada de “Rainha da Bondade” devido às suas ações beneméritas.

A doação do palacete à UENF

A vida de Finasinha sofreu um revés com a perda de sua única filha, Alice, em abril de 1970. Aparentemente, ela não conseguiu superar a perda, pois faleceu apenas alguns meses depois, em 18 de dezembro de 1970, aos 83 anos de idade. Alice não tivera filhos e Finasinha decide, antes de falecer, doar o palacete onde viveu por 52 anos à futura universidade de Campos. Vinte e três anos depois, era inaugurada a UENF, e o sonho de Finasinha pôde, enfim, ser realizado.

A partir de 08 de dezembro de 1993, o palacete passou a sediar a Casa de Cultura Villa Maria, centro cultural da Universidade.