Fortalecimento do Norte Fluminense: autoridades assinam laudo de Delimitação da Área Geográfica de Produção do Abacaxi

A reitora da UENF, Rosana Rodrigues, com a presidente da FAPERJ, caroline alves
A reitora da UENF, Rosana Rodrigues, com a presidente da FAPERJ, Caroline Alves, durante a cerimônia

Mais um importante passo foi dado para que o abacaxi do Norte Fluminense possa receber reconhecimento por sua qualidade, através do registro de Indicação Geográfica (IG). Projeto de pesquisa coordenado pela UENF, a ação teve, na noite da última quinta-feira (23), o marco da assinatura dos laudos de Denominação de Origem do Abacaxi Norte Fluminense e de Indicação de Procedência da Farinha de Mandioca de São Francisco de Itabapoana.

O laudo de Denominação de Origem do Abacaxi Norte Fluminense contempla o produto produzido em quatro municípios da região: São Francisco de Itabapoana, Campos dos Goytacazes, São João da Barra e Quissamã. Com a assinatura, os municípios poderão receber o Laudo de Delimitação da Área Geográfica de Produção, passo primordial para o registro de Indicação Geográfica.

Além de representantes da UENF, importantes representatividades do executivo, legislativo, da sociedade civil organizada e instituições estiveram presente no evento que aconteceu na sede da Câmara Municipal de São Francisco de Itabapoana e reforçou a importância do fortalecimento do interior do estado

– Entendo que o nosso estado é potente, ele é pujante na questão da agricultura familiar, do pequeno agricultor. É uma capacidade de excelência para transformar esses produtos em referência de qualidade e excelência. Hoje estamos vivendo esse momento aqui, com este ato simbólico da assinatura deste documento para Indicação Geográfica de dois produtos tradicionais do município de São Francisco de Itabapoana, então eu me sinto triplamente privilegiada hoje- pontua uma das presentes no evento, a Reitora da UENF, Rosana Rodrigues.

Sobre estar triplamente privilegiada, a Reitora explicou.

– Sou engenheira agrônoma de formação e me formei na Universidade Rural. Então tenho o meu pezinho lá na terra. Sou neta de agricultores também. Pequenos agricultores familiares. A primeira geração que entrou numa universidade foi a minha. Também me sinto privilegiada por estar na reitoria de uma universidade pública que investe e acredita na ciência. Que faz um trabalho nas ciências agrárias, claro, com o apoio da FAPERJ, com o apoio de outros órgãos de fomento, como o CNPQ e CAPS, que forma pessoas que vão nos ajudar a resolver os obstáculos, os desafios que a gente vem enfrentando e ainda vai enfrentar. E, por fim, privilegiada também de compartilhar esse momento com uma prefeita. Eu a primeira Reitora e a Prefeita. Então somos duas mulheres à frente de grandes projetos, que temos grandes objetivos- diz.

Rosana anunciou, ainda, que a universidade tem trabalhado junto ao município de São Francisco para instalar o primeiro programa de residência em agronomia da UENF.

-Estamos trabalhando de uma forma muito rápida e intensa para que tenhamos aqui dois jovens ou duas jovens engenheiras agrônomas atuando para dar suporte a todos os trabalhos de indicação geográfica junto aos agricultores do município – disse a Reitora.

 

Importância da assinatura do laudo de Delimitação do Território do Abacaxi

Projeto financiado pela Faperj e contemplado no Edital Programa Apoio à Promoção de Indicações Geográficas no Estado do Rio de Janeiro, sua coordenação acontece através da professora da UENF, Janie Jasmim.

Ela explica que explica que este Laudo da Delimitação do Território do Abacaxi é importante porque é um dos documentos que vai ter que ser anexado à solicitação de reconhecimento da Indicação Geográfica do abacaxi do Norte Fluminense.

– Este documento vai mostrar a área dentro da qual estão os produtores que poderão solicitar o uso do selo. Mas para utilizar o selo, eles vão precisar passar por uma análise dos frutos e obedecer aos critérios que estão descritos no caderno de especificações técnicas que já foi elaborado no passado – esclarece.

Segundo Janie, vários documentos têm que ser anexados ao requerimento de reconhecimento da Indicação Geográfica.

– Isso vai depender das análises que nós estamos fazendo de solo, do fruto, dos dados climáticos e também do perfil dos produtores, de quantos anos eles têm na produção, se a família já vem há muitas décadas cultivando. Correlacionar a alguma característica que haja no fruto que seja devido a esses três fatores: clima, solo e a tradição de cultivo dos produtores. Então somente os produtores que estiverem dentro da região delimitada e que os frutos atendam às especificações que estão descritas no caderno de especificações técnicas, poderão ser autorizados a utilizar o selo. De uma forma indireta isso dá um certo certificado de qualidade que ele tem todas aquelas características descritas e que são influenciados por estes fatores – explica.

A professora também destaca que o registro de Indicação Geográfica vai ser um divisor de águas para a região.

-Vai ser uma nova etapa de desenvolvimento. Vai acelerar bastante, beneficiar aqueles que conseguirem a qualidade e o selo dizendo que ele atende ao caderno de especificações técnicas. Vão ser realmente muito beneficiados em termos de procura pelo produto, e elevação também do preço, além disso, os mercados vão se expandir bastante. Para se ter uma ideia, os produtos que têm Indicação Geográfica podem aumentar muito a rentabilidade. Isso depende do produto. O queijo da Canastra, por exemplo, hoje é vendido por um preço bem mais alto do que antes do selo- destacou.

 

União pela força no interior do estado

A Prefeita Yara Cinthia ressaltou o momento histórico para o município de São Francisco do Itabapoana

A Prefeita de São Francisco de Itabapoana, Yara Cinthia ressalta a importância que o município ganha com o registro de Indicação Geográfica.

– Estou vendo hoje reitores, superintendentes, deputados, secretário de estado junto com a gente. Essa parceria com o estado, governo federal, é fundamental. A IG é algo que vai marcar verdadeiramente essa identificação geográfica no nosso município. A nossa farinha, para quem não conhece, é algo que não precisa nem colocar tempero para fazer farofa, de tão gostosa que é. O nosso abacaxi, que deixou de ser de Marataízes, é de São Francisco, é algo maravilhoso. Nós temos muitas outras riquezas, muitas outras produções. Então é um momento realmente histórico e muito maravilhoso- enfatiza.

Também presente durante a assinatura, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, Deodalto José Ferreira, agradeceu a toda a equipe técnica, e instituições como a Pesagro, Fiperj, Emater pela parceria no trabalho com a secretaria.

Segundo Deodalto, este é um trabalho que surgiu a partir dos produtores e que vem sendo desenvolvido há anos.

Anunciando um investimento de mais de R$ 600 milhões em 2025 para ciência, tecnologia e inovação, a presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Caroline Alves, destaca que “onde há fomento, há fortalecimento e a gente só tende a avançar cada vez mais”.

– Ficamos muito felizes que o resultado daquele fomento faz com que a gente veja de forma palpável o resultado de todo um trabalho de levantamento de pesquisa e, posteriormente, a entrega de um produto. E a gente fica mais feliz de estar sendo entregue no interior do nosso estado, fazendo com que isso o fortaleça ainda mais. Entendemos que o interior fortalecido, é nosso estado está fortalecido- declarou Caroline.

NOTÍCIAS

EDITAIS