História da África contada em tecidos

Para celebrar o Dia da Consciência Negra, modelos da ITEP participaram de Ensaio Conceitual

Para celebrar o Dia da Consciência Negra e marcar o início das programações da III Ciranda do Projeto: Moda Afro Centrada, a Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares (ITEP/UENF) realizou na última terça feira, 18/11/25, um Ensaio Conceitual com um grupo de modelos convidados. As fotos foram tiradas em vários pontos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). A finalidade foi contar parte da história da África, mas de forma inusitada. Figurinos de diferentes corpos, idades e gêneros  se vestiram com acessórios e roupas africanas feitas com tecidos fabricados na África. 

A assessora técnica da ITEP, Nilza Franco, ressaltou que o objetivo do Ensaio foi, além de contar um pouco da história da África nos tecidos, também resgatar a cultura africana e desmistificar o padrão da moda tradicional.

— A proposta é mostrar que a moda é  para ser usada em diferentes corpos e não apenas em um padrão específico — disse.

Para um dos modelos, Marco Aurélio da Silva Manhães, de 25 anos, a proposta do ensaio foi ”incrível”. Ele contou que o que conhecia da cultura africana eram os relatos históricos representados pelos escravos, como a capoeira, as músicas, as religiões.

— Quando vestimos roupas feitas com tecidos africanos, estamos de fato conhecendo uma parte da cultura deste país. A história da África é contada por meio das cores fortes dos tecidos, dos desenhos e dos traços — ressaltou.

A dona de casa Mirian Nascimento Lopes dos Santos, de 60 anos, é ex aluna do curso Confraria do Ponto da (ITEP) e faz parte das ações da Economia Solidária. Nascimento aceitou o convite para ser modelo Afro do projeto.

— Eu me sinto muito feliz por fazer parte de um projeto voltado para pessoas negras. É muito bom ver a raça sendo respeitada e valorizada. Antes, quando eu chegava em espaço de pessoas ´claras`, me sentia retraída. Nasci e fui criada na roça. Eu sou de um tempo em que brancos e negros não se misturavam. Lembro da minha mãe dizendo que tínhamos que reconhecer nosso lugar. Aqui me sinto livre e feliz porque posso ser exatamente como sou — relatou.

Para a aluna de Ciências Sociais da UENF Majur Zeferino Jardim, momentos como este deveriam acontecer em diferentes momentos do ano e não só no mês de Novembro.

— A cultura afro deveria ser mais valorizada e mostrada em diferentes épocas do ano e não apenas em momentos específicos. Aqui na UENF é o primeiro local que eu tenho contato com um espaço voltado para a moda africana. A cultura Afro é linda. Deveria ser exportada para o mundo — disse.

O modelo Roberto Ramires de Araújo Bastos relatou que ainda vivemos em uma sociedade onde o negro é visto de uma forma preconceituosa. Para ele, a participação no ensaio e nas outras ações do projeto Afro Centrada o fez se enxergar e ter olhar sobre a cultura africana.

— É uma experiência que vou levar para a vida.  As universidades públicas ainda são lugares onde a maioria das pessoas são brancas. Fazer esse ensaio aqui  no espaço universitário não foi só vestir uma roupa, mas resgatar a história e sensibilizar as pessoas sobre os reflexos da escravidão que ainda permanecem em nosso país — disse.

(Texto: Carla Rúbia, ITEP/UENF)

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