Laboratório de Economia Solidária completa seis meses apontando acerto do projeto

Lanchonete Tio Briza é apenas um dos projetos do ITEP/UENF que tiveram resultados positivos em 2022

Quem consumiu um dos 80 lanches vendidos todos os dias na lanchonete Tio Briza não imaginou que estava comendo comida de um laboratório. Mas ao invés de química, o espaço é dedicado à Economia Solidária, que é basicamente quando a administração de um negócio é feita sem a figura do “patrão” e com igualdade de direitos dos envolvidos. Funcionando no campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) desde junho deste ano, apenas a cantina do projeto, que também conta com espaço de para venda de artesanato, jogos, troca de livros e convivência, vendeu só de doces uma média de 30 a 40 por dia, sem contar o café que matou a sede de 35 pessoas durante semana. Bolos, pizzas, sucos naturais e refrigerantes também não fizeram feio no cardápio. 

A cantina, que tem esse nome em homenagem a um dos fundadores da UENF, o ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, também é um espaço fixo para a comercialização de artesanato. De acordo com Simone Gonçalves, coordenadora dos Circuitos de Feiras realizados com apoio da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares (ITEP/UENF), as vendas diretas no local não são o único ponto positivo para os expositores, já que as visitas se revertem também em encomendas para as artesãs.

— Além do que é exposto diariamente no Tio Briza, temos também as feiras que acontecem periodicamente na UFF, na Cândido Mendes, na Estácio de Sá e também em eventos sazonais como os da Consciência Negra, os que acontecem na Vila Maria e em programações natalinas, por exemplo — diz. 

A Cantina do Tio Briza funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Porém, devido às demandas no período de festas de fim de ano, o trabalho do coletivo no local entrou em recesso, mas a reabertura já está confirmada para 2023. E com o foco total na produção, para otimizar o tempo dos expositores das feiras, eles optaram por uma estratégia diferente neste Natal, o Festival Natalino Online. De hoje (14) a 25 de dezembro, os produtos serão divulgados nas redes sociais da Rede de Economia Solidária @recasolcampos e do ITEP/UENF @itepuenf.

Estes projetos fazem parte da proposta da Incubadora ITEP/UENF de organização de trabalhadores no sentido de ampliar as possibilidades de trabalho e renda usando novos processos produtivos e apropriação de novas tecnologias. No município de Campos dos Goytacazes, são mais de 300 trabalhadores com carta de adesão que recebem apoio e assessoria técnica, minicursos de formação e vivências em circuitos comerciais.

Participante dos Circuitos das Feiras que acontecem nas universidades, a agricultora Dalva dos Anjos começou a autogestão do seu negócio depois de participar das reuniões do ITEP/UENF.

— Sou assentada há oito anos e foi quando conheci a Economia Solidária e comecei a me envolver. Hoje temos a oportunidade de vender nas feirinhas, nas escolas e estou sendo bem-quista pelas pessoas que antes não davam tanta importância para a gente — afirma. 

Jocilane Serafim é multitalentosa e a economia solidária deu a ela o espaço que pretendia. Atuando todos os dias no Tio Briza como doceira e expondo o seu artesanato, viu de perto a química entre clientes e trabalhadores participantes do projeto no laboratório funcionar perfeitamente. Ela percebeu que o espaço ali é do trabalhador.

— Me deu visibilidade que nem mesmo eu sabia que tinha. Você começa simplesmente tentando vender e chegamos a um espaço que não achamos que poderíamos alcançar. 

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