NEABI/UENF completa 12 anos

Evento no Centro de Convenções debateu ações afirmativas e heteroidentificação

O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) da UENF realizou na última quarta-feira (28/08/2024) no Anfiteatro IV do Centro de Convenções Oscar Niemeyer um evento que marcou os seus 12 anos.

O evento foi aberto com a execução do hino nacional pelo mestre de capoeira Peixinho. Na mesa de abertura estiveram o diretor de cultura da UENF, Giovane Nascimento, que representou a reitora Rosana Rodrigues; os pró-reitores da UENF, Deborah Guerra Barroso (Extensão) e Milton Masahiko Kanashiro (Assuntos Comunitários); e o diretor do Centro de Ciências do Homem (CCH), Geraldo Timóteo.

Uma das coordenadoras do NEABI/UENF, Lilian Sagio, informou que o NEABI teve dois projetos de extensão aprovados pela Pró-reitoria de Extensão (ProEx) no edital de 2024: “Diálogos entre saberes na Unidade Experimental de Som e Imagem: comunicação popular e midiática a partir da Capoeira e do NEABI – UENF” e “10 anos do Neabi Uenf: Ações afirmativas e educação étnico-racial”.

Pela manhã foi realizada a mesa I intitulada “Efeitos e desafios da heteroidentificação na educação superior: relatos de experiência”, que teve a participação da coordenadora da Comissão Permanente de Validação da Autodeclaração (CPVA) da Uerj, Rosangela Malachias, a superintendente-geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade da UFRJ, Denise F. Góes, o diretor do Núcleo para o Desenvolvimento Social da UFRJ, Renato V. de Albuquerque, o diretor de Planejamento para o Núcleo Indisciplinar da UFRJ, Vítor Matos, e Carlos Jóber, da Pró-reitoria de Assuntos Comunitários (PROAC) da UENF.

Enfrentamento do racismo institucional é uma necessidade contínua

A representante da Uerj destacou a importância da necessidade contínua do enfrentamento do racismo institucional.

— De acordo com Clóvis Moura o movimento negro é o primeiro movimento social do Brasil. A Comissão Permanente de Validação da Autodeclaração foi instituída na UERJ em 2021 com a participação de docentes e técnicos em bancas plurais. No entanto ainda não conseguimos incluir indígenas e quilombolas — disse Rosangela.

A representante da UFRJ informou que o Colégio de Aplicação (CAP) da UFRJ vai começar a fazer a heteroidentificação dos alunos a partir dos seus pais.

— O Cefet RJ já faz heteroidentificação. Na UFRJ nós começamos a heteroidentificação em 2017 por meio de um concurso público. Realizamos cursos de formação para a consciência crítica e educação antirracista — ressaltou Denise.

Vítor Matos disse que a segregação no Brasil é subjetiva.

— Não é como a segregação racial nos Estados Unidos e no Arpatheid na África do Sul com os bairros negros. No Brasil existe um racismo de marca, fenotípico — afirmou.

Já Renato Albuquerque considera a política de ações afirmativas muito importante e por vezes negligenciada.

–- As ações afirmativas não devem ser só para ingresso e sim para permanência também. As ações afirmativas atingem aquelas pessoas historicamente excluídas. Na UFRJ as políticas de ações afirmativas para a pós-graduação são recentes, começaram em 2020 e foram regulamentadas em 2022 — disse.

Nova turma do curso de heteroidentificação em breve

A fundadora do NEABI/UENF e ex-coordenadora de educação quilombola do Ministério da Educação (MEC), Clareth Reis, informou que os alunos que ingressam na UENF por meio das políticas de ações afirmativas têm direito ao auxílio permanência.

— O NEABI foi construído há 12 anos com muita luta. Em breve vamos divulgar um relatório desses 12 anos do NEABI. O curso de Pedagogia da UENF tem a disciplina Educação e relações étnico-raciais. Por solicitação da PROAC também vamos formar uma nova turma do curso de heteroidentificação em parceria com a UFRJ  — disse.

O representante da PROAC informaou que a banca de heteroidentificação da UENF é formada por membros docentes, técnico administrativos, discentes, do NEABI e externos.

— As pessoas que passam pela heteroidentificação são bem acolhidas, almoçam no Restaurante Universitário. Temos o suporte da Ascom com os termos de identificação e as câmeras para filmar e fotografar — citou Carlos.

O evento dos 12 anos do NEABI/UENF prosseguiu à tarde com o tema da heteroidentificação e o objetivo de reafirmar as políticas de ações afirmativas nas instituições com a participação de representantes da UFF, IFF, Faetec e Cefet-RJ. Ainda houve homenagens e a atividade cultural “Som e movimento” com Wes Valentim.

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