Evento nos dias 12, 13 e 14/11 teve programação acadêmica e cultural
Nesta quarta-feira, 20/11, é comemorado o Dia da Consciência Negra, que pela primeira vez será feriado nacional. Com o objetivo de conscientizar sobre a importância das lutas e resistências históricas da população negra no Brasil, nos dias 12, 13 e 14/11/24 foi realizado no Centro de Convenções Oscar Niemeyer o Novembro Negro da UENF. No evento, foram realizadas a II Semana da Consciência Negra da UENF e a II Mostra de Cinema Decolonial da UENF.
Na programação acadêmica, foram apresentados trabalhos de pesquisas nas seguintes áreas temáticas: Direitos Humanos e Políticas de Igualdade Racial, Letramento Racial, Educação Antirracista e Políticas Inclusivas, Raça, Classe e Interseccionalidades e Racismo Religioso e Equidade Racial no Ambiente de Trabalho. Também foi realizado o minicurso “Letramento racial crítico”.
Presença de representante do Ministério da Igualdade Racial
A palestra de abertura sobre racismo ambiental foi com a coordenadora de Acompanhamentos e Parcerias da Secretaria Executiva do Ministério da Igualdade Racial, Bárbara Gama Dias Reis Silva. Ainda na abertura, houve uma mesa do Coletivo Negro José do Patrocinio, da UENF, que foi reativado.
Hip-Hop na UENF
O Novembro Negro da UENF foi aberto em 12/11, Dia Mundial do Hip-Hop, e teve na programação um espaço dedicado a esta relevante cultura, que nasceu nos anos 1970 no Bronx, Estados Unidos, em um contexto de expressão artística para manifestos culturais em um cenário tomado pela violência. A mulher negra Sylvia Robinson é uma das pioneiras no Hip-Hop ao fundar em 1979 o que é considerado um dos primeiros grupos de rap, The Sugarhill Gang.
Em parceria com o Festival Efeito e o Manifestação Cultural de Rimas-MCR, foram apresentadas atrações de graffiti, bboy, dj, mc e batalha de rimas, elementos do hip-hop que são estratégias de sobrevivência da população jovem negra e periférica. O Festival Efeito, organizado pela produtora cultural Fran Produz, levou oficinas e apresentações dos artistas vencedores do festival realizado no dia 12/10 no Parque Alberto Sampaio. O ponto alto do dia foi a criação, na parte externa do Centro de Convenções, pelo artista Andinho IDE, de um painel em graffiti da cientista brasileira que decodificou o o código genético da Covid, Jaqueline Goes. O campus da UENF já havia sediado em maio de 2024, no Hospital Veterinário Sadi Bogado, o primeiro painel em wild style do interior do Rio de Janeiro,
O rapper, produtor e bolsista Universidade Aberta na Diretoria de Cultura da UENF, Igor Zabú, comentou sobre a inserção do Hip-Hop dentro da universidade.
— Para nós do Hip Hop é uma conquista enorme ter esse espaço dentro da Universidade para poder difundir e divulgar nossa cultura, que na maioria das vezes só é feita nas ruas. O público acadêmico se conectou com a nossa realidade, e principalmente, considero que conseguimos inspirar jovens a seguirem na cultura Hip-Hop e procurarem esses ambientes onde eles se sintam representados. A gente conseguiu despertar o interesse da universidade na cultura Hip-Hop e a tendência é os laços se estreitarem cada vez mais — afirmou Zabú.
II Mostra de Cinema Decolonial da UENF
Na II Mostra de Cinema Decolonial da UENF, no dia 13/11, foram exibidos os vídeos de curta metragem Jongo Tambores de Machadinha (NEABI-UENF, 2021), sobre o Jongo do Quilombo Machadinha de Quissamã-RJ, Viveres Noinha (dir. Tarianne Bertoza e Lilian Sagio Cezar, 2019), sobre uma das precursoras do jongo em Campos dos Goytacazes, Cores Pretas (dir. Stella Tó, 2018), sobre o racismo que sofrem as mulheres pretas pelo seu corpo, e o documentário de longa metragem Black Rio! Black Power (dir. Emílio Domingos, 2023), sobre o impacto do movimento Black Rio na música e na sociedade.
Desfile de Moda Afrocentrada e Samba da Consciência
No encerramento do evento, dia 14/11, foi realizado o Desfile de Moda Afrocentrada, desenvolvido pela Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares (ITEP) e apresentado pelo multiartista Valdemy Braga. Para finalizar com chave de ouro, houve a Roda de Samba da Consciência com o grupo Só Fera, de São Fidélis.
Uma das organizadoras do Novembro Negro da UENF, Andressa Ribeiro, fez um balanço positivo do evento.
— Recebi muitos feedbacks, principalmente o quanto o evento deu um salto de um ano para o outro. Eu credito isso ao amadurecimento dos organizadores e ao apoio da Reitoria e dos apoiadores institucionais da UENF. Agora se tornou um evento institucional. O Coletivo Negro da UENF ressaltou o quanto conquistou espaço, que ainda é pouco, mas é um sinal que as coisas estão avançando. Uma fala que me impactou foi de uma das homenageadas no dia 14, que disse estar muito feliz em receber a homenagem principalmente por pessoas negras estarem quase sempre no lugar de quem aplaude, na plateia, e quase nunca recebendo esses aplausos, e em seguida ver um desfile lindo, com o palco cheio de pessoas negras sendo aplaudidas, o que me tocou muito — destacou Andressa.
Evento teve apoio institucional da ProAC, ProEx, Diretoria de Cultura da UENF, NEABI/UENF, Cine Darcy UENF e ITEP/UENF
A realização do Novembro Negro com a II Semana da Consciência Negra e a II Mostra de Cinema Decolonial foi uma iniciativa do Coletivo Negro da UENF – José do Patrocinio e contou com o apoio institucional da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários-ProAC, Pró-Reitoria de Extensão-ProEx, Diretoria de Cultura da UENF, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da UENF-NEABI/UENF, Cine Darcy UENF e Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Solidários – ITEP/UENF. Além dos parceiros instucionais, o evento contou com apoio de fazedores de cultura de Campos dos Goytacazes, da produtora cultural Fran Produz por meio do Festival Efeito e da Manifestação Cultural de Rimas-MCR.
(Fotos: Maria Clara Freitas e Cassiane Falcão)
(Jornalista: Wesley Machado)