Uma pesquisa de doutorado do discente Lázaro Carneiro, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), da UENF, foi uma das 30 aprovadas no Brasil para receber apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), através do programa de bolsas Conservando o Futuro. O estudo é sobre a recuperação de comunidades de abelhas de orquídeas, um grupo em que a maioria das espécies é associada aos habitats florestais. Entender a eficácia das estratégias de restauração para recuperar as espécies e suas funções no ambiente contribui para maximizar o sucesso da restauração através da redução do tempo de manejo e de custos financeiros.
De acordo com o doutorando, as abelhas são fundamentais para o funcionamento dos ecossistemas e a recuperação das espécies desses insetos permite o reestabelecimento da interação planta-polinizador. A restauração ecológica envolve uma série de técnicas e métodos para recuperar ambientes degradados ou destruídos por ações antrópicas.
— A “Década da Restauração Ecológica” estabelecida pela ONU na Agenda 2030 é uma ação global que envolve vários países, e objetiva restaurar milhões de hectares de ecossistemas, contribuindo para conservação da biodiversidade e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, a restauração garante a manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais para as populações humanas, como fornecimento de água e polinização de cultivos agrícolas — disse.
O estudante esclarece ainda que entre as dez iniciativas indicadas pela ONU como “carro-chefe” da restauração, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica é um dos projetos reconhecidos pelo protagonismo em restaurar milhares de hectares de uma das florestas tropicais mais ameaçadas e biodiversas do mundo.
— A restauração dos ecossistemas da Mata Atlântica é guiada geralmente por meio de duas técnicas: restauração ativa e restauração passiva. Na primeira, o homem influencia diretamente as etapas do manejo, como escolha das espécies vegetais que serão plantadas e melhoria de condições ambientais, como qualidade do solo. Na segunda, há uma regeneração natural, em que a floresta cresce com pouco ou nenhum manejo — explica.
Segundo Lázaro, a pesquisa realiza várias atividades de campo ao longo da Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Doutorado. As abelhas são amostradas em áreas de restauração ativa, regeneração natural e floresta (habitat de referência). — As restaurações ativas foram estabelecidas pela Associação Mico-Leão-Dourado, com o intuito de conectar áreas de floresta para facilitar o fluxo do mico-leão-dourado. Além de entender se uma estratégia de restauração é mais eficaz que outra para reestabelecer as comunidades de abelhas, a pesquisa também avalia como a quantidade de floresta ao redor das áreas de restauração afeta esse processo— conta.
Além do FUNBIO, essa pesquisa de doutorado tá vinculada ao projeto “Diversidade de grupos funcionais de abelhas em remanescentes e áreas de restauração da Mata Atlântica”, apoiado pela FAPERJ e coordenado pela professora Maria Cristina Gaglianone (LCA-CBB), orientadora do discente. O aporte financeiro da FUNBIO é essencial para as campanhas de campo que envolve toda a Bacia do Rio São João e já contabiliza quase 5 mil quilômetros rodados. O programa de bolsas contribui ainda para que pesquisadores em formação iniciem atividades inerentes à profissão, como coordenar um projeto de pesquisa.