A pesquisadora do Laboratório de Engenharia Civil (LECIV) da UENF, Maria Glória Alves, faz parte da Assessoria Científica e compõe o Conselho Gestor como coordenadora da Câmara de Educação e Cultura do Projeto Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro, que foi aprovado como Aspirante para ser um Geoparque Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
A pesquisadora informa que, no segundo semestre de 2024, uma comitiva da UNESCO estará na região para avaliar as ações do Geoparque Aspirante.
— O Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro compreende 16 municípios no litoral do estado — na Costa do Sol e na região da Costa Doce. A UENF participa ativamente nos municípios de Campos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana. O projeto é coordenado pela professora Kátia Mansur, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Enviamos o dossiê em novembro de 2023 para a UNESCO e no dia 7 de março de 2024 recebemos com muita alegria o resultado de que ele foi aprovado — afirma Maria Glória.
Ela informa que na região da Costa Doce existe uma diversidade de ambientes geológicos, representados por eventos que se estendem, desde as áreas elevadas do pré-cambriano até a planície litorânea holocênica.
— Temos rochas que foram formadas quando existia o grande Continente Pangea, como as rochas da região do Imbé e do Morro de Itaoca. A região apresenta uma hidrografia variada, com o Rio Paraíba do Sul atravessando todos os municípios, conta ainda com lagoas, além de um poderoso lençol freático, tendo o maior aquífero do estado do Rio de Janeiro, o Aquífero Emboré — destaca a pesquisadora.
Maria da Glória conta que em Barra do Açu, entre Campos e São João da Barra, pode ser observada a ocorrência de estromatólitos carbonáticos na Lagoa Salgada.
— As condições de salinidade e hidrodinâmica se tornaram propícias para o crescimento de micro-organismos, responsáveis pela formação dos estromatólitos, por essa razão, são denominados bioconstruções. Estromatólito significa rochas geradas pela ação de micro-organismos. Sendo esse o único registro de ocorrência destas espécies no Brasil e provavelmente em toda a América do Sul — considera a pesquisadora.
Na região de Campos, o Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro inclui locais como Farol de São Thomé, a Pedra Lisa em Morro do Coco, as Cachoeiras do Imbé, Lagoa de Cima e os sedimentos da planície de inundação do Rio Paraíba do Sul. Na divisa de Campos e São João da Barra, os estromatólitos da Lagoa Salgada. Ainda em São João da Barra, Atafona, Delta do Rio Paraíba do Sul. E em São Francisco de Itabapoana as Falésias da Formação Barreiras, entre as praias de Lagoa Doce e Guriri, o mangue de Gargaú, entre outros.