Professor da Unirio lança livro “Os futuros de Darcy Ribeiro” na UENF

O escritor Fabrício Pereira da Silva, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) lançou na noite de quarta-feira (07/12), no tablado do Centro de Ciências do Homem (CCH) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), a antologia “Os futuros de Darcy Ribeiro”, organizada por ele em parceria com o sociólogo argentino Andrés Kozel e lançada em julho de 2022 pela editora Elefante. O lançamento em Campos dos Goytacazes-RJ fez parte da programação do VII Fórum Discente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UENF.

Fabrício conversou com a reportagem da ASCOM/UENF e comentou sobre quais são “Os Futuros de Darcy Ribeiro”, que elaborou o projeto da Universidade do Terceiro Milênio.

— Darcy propunha um projeto de libertação nacional do Brasil, de uma segunda Independência, uma Independência nacional. No centro deste nacional popular está a ideia da segunda Independência. A independência brasileira, bem como a dos povos latino-americanos, não foi completa, por conta das dominações que seguiram das metrópoles em relação ao imperialismo. E, por conta disso, havia a necessidade de uma segunda Independência. Isso só aconteceria através da educação popular, da capacidade de organização do povo brasileiro e dos povos latino-americanos de uma maneira geral. Darcy morreu apostando muito nisso — afirmou.

Na sua opinião, algumas ideias no pensamento de Darcy são interessantes para se pensar o futuro, como, por exemplo, a ideia de utopia.

— Hoje não é o momento de ausência de utopias? Então eu resgataria principalmente esse elemento utópico na obra dele. E a fé na educação popular, numa educação libertadora com elementos fundamentais para o Brasil, para a América Latina, eu diria, para um avanço de políticas libertárias em toda a periferia global. É porque tem uma questão fundamental aí, essa dependência epistemológica que vivemos e as periferias do mundo vivem, em relação ao centro — destaca Fabricio.

Fabrício chamou a atenção para a existência de um déficit gigantesco no ensino, na formação e aprendizado dos povos do outrora chamado Terceiro Mundo, ou seja, a periferia, o sul global como é chamado hoje. Segundo ele, esse grande povo, que é dominado, colonizado, segue, em grande medida, sendo espoliado através de um neocolonialismo que é base do capitalismo monopolista de hoje. E esse povo tem um déficit de ensino gigantesco em relação aos países centrais.

— Darcy tem muito a contribuir com a produção de um pensamento libertário, crítico. Em todos os seus projetos ele procurou fazer isso. Quando foi ministro da Educação, na construção da UnB, na construção da UENF, na reflexão sobre os Cieps, os projetos todos de educação pública, popular, de ensino integral, enfim, em tudo isso há essa tentativa de produzir algo diferente, algo nosso. Isso deve ser valorizado, não necessariamente todos os conceitos dele, todas as propostas teóricas, enfim, mas eu acho que um pouco da postura — disse.

O livro “Os futuros de Darcy Ribeiro”, organizado por Fabricio Pereira da Silva e Andrés Kozel e publicado pela editora Elefante, pode ser adquirido em sites na internet.

NOTÍCIAS

EDITAIS