Projeto da UENF alerta sobre intoxicações por plantas

Plantas ornamentais ajudam a tornar os ambientes mais agradáveis, mas muita gente não sabe que, por detrás da beleza exuberante de algumas delas, escondem-se perigos por vezes fatais.  Divulgar informações que possam contribuir para evitar intoxicações de seres humanos e animais é o objetivo do projeto de extensão “Importância do conhecimento das plantas tóxicas para uma abordagem educativa em saúde única”, coordenado pela professora Solange Silva Samarão, do Laboratório de Sanidade Animal da UENF (LSA).

De 2016 a 2017, foram compilados 2.028 casos de intoxicações por plantas, o que equivale a 1,17% do total de intoxicações, no mesmo período, pelas demais causas registradas, segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). Dentre os casos mais graves, crianças de 01 a 09 anos foram as mais afetadas, com 1.065 casos (52,51%). O maior número de casos ocorreu em crianças de 01 a 04 anos de idade.

Um levantamento feito por alunos da USP em 2018 nas clínicas veterinárias de São Paulo identificou 16 espécies vegetais que oferecem perigo aos animais de estimação. De acordo com o estudo, a planta que causou mais acidentes em cães e gatos foi a comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia sp.), muito cultivada dentro das casas e apartamentos.

“Os casos de intoxicação ocorrem quando pequenas quantidades (folhas, caules, flores, frutos ou sementes) de plantas de fácil alcance, de alta toxidez ou irritantes são ingeridas, principalmente as plantas ornamentais, podendo inclusive, levar ao óbito”, explica a professora. “As plantas ornamentais utilizadas em projetos paisagísticos, em jardins domésticos e muitas vezes em vasos dentro e fora das residências podem apresentar toxicidade, que não pode ser negligenciada”.

Solange observa que a grande maioria das plantas ornamentais tóxicas apresenta flores coloridas e com perfume, o que as torna muito atrativas e perigosas, em especial para crianças e animais, podendo levar ao óbito. O projeto de extensão tem como objetivo levar conhecimento à população, possibilitando a identificação das principais plantas ornamentais tóxicas que podem causar intoxicação em adultos, crianças e animais domésticos de companhia na região Norte e Noroeste Fluminense.

Segundo a professora, as plantas ornamentais tóxicas serão apresentadas para as escolas, profissionais e leigos que queiram embelezar seus jardins. “Vamos esclarecer aspectos importantes, tais  como: a descrição da planta, parte considerada tóxica (caule, folha, flores, frutos, sementes, espinhos, látex etc) e sintomas causados pela intoxicação. A intoxicação por plantas tóxicas ocorre por desconhecimento do potencial tóxico das espécies. Com os trabalhos educativos espera-se prevenir e alertar a população desde a idade escolar sobre os perigos das plantas tóxicas”, diz.

A professora explica que as escolas poderão participar das atividades do projeto por meio de visitas ao campus da UENF, com agendamento prévio. O projeto também poderá ser apresentado in loco, ou seja, nas próprias escolas que mostrarem interesse em receber o grupo, formado por um bolsista Universidade Aberta e três discentes da Universidade.

De acordo com Solange, a prevenção se dá justamente através do conhecimento da toxidade de cada planta. Não é necessário deixar de cultivá-las, mas é fundamental que tais plantas sejam mantidas fora do alcance de crianças e animais.

Embora não atue diretamente nesta área de pesquisa, Solange observa que o tema “saúde única” perpassa todas as áreas do conhecimento, e não apenas a área de saúde, como muitos imaginam.

“Sendo assim, a minha principal área de conhecimento, que é a microbiologia, também tem essa tramitação com a saúde única e os efeitos das plantas tóxicas, uma vez que os distúrbios fisiológicos causados por este tipo de acidente, ou seja, ingestão de plantas tóxicas, refletirá diretamente na microbiota dos animais e pessoas, além ter sua implicação direta no ambiente, por meio da presença delas em ambientes inusitados, ou mesmo dentro de quintais e como plantas ornamentais”, afirma.

Veja abaixo algumas das principais plantas ornamentais tóxicas e o que elas podem provocar:

Comigo-ninguém-pode

Comigo-ninguém-pode

A ingestão ou o contato provocam intensa irritação da mucosa da boca, faringe e laringe, dor, salivação excessiva, náuseas, vômito, edema (inchaço) da laringe e dificuldade respiratória.

Espada-de-São-Jorge

Espada-de-São-Jorge

Salivação excessiva, irritação da boca, obstrução da garganta, dificuldade de movimentação e dermatite.

Jibóia

Jibóia

Sintomas de intoxicação: A ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema de lábios, boca e língua, náuseas e vômitos, diarreia, salivação excessiva, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e lesão na córnea

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