Restaurante Universitário da UENF nominado Cícero Guedes

Homenagem foi realizada nesta sexta-feira com inauguração de placa em homenagem ao produtor rural

A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) realizou nesta sexta-feira (30/08/2024) a cerimônia de designação do Restaurante Universitário em homenagem ao produtor rural Cícero Guedes. O evento, que teve a presença do filho do homenageado, Mateus Guedes, contou com a inauguração da placa que nomina o Restaurante Universitário Cícero Guedes conforme decisão de 2023 do Conselho Universitário (CONSUNI) da UENF.

A reitora da UENF, Rosana Rodrigues, destacou a contribuição de Cícero Guedes para o movimento estudantil que lutou pelo restaurante universitário da UENF, agora nominado Cícero Guedes.

– Cícero era uma pessoa ligada ao movimento estudantil e à reforma agrária. Me sinto muito privilegiada por este momento que a universidade está vivendo, com esta homenagem ao Cícero, que teve grande importância para a agricultura familiar, que produz 70% de tudo que é consumido no Brasil – afirma Rosana.

O vice-reitor da UENF, Fábio Lopes Olivares, declarou que a associação da universidade ao nome de Cícero Guedes é bem simbólica.

– O Brasil é reconhecido como o grande produtor de alimentos do mundo, mas o que o Brasil mais produz são commodities, que são destinadas ao comércio externo. A agricultura familiar que alimenta nosso povo – pondera Fábio.

O gerente de comunicação da UENF, Vitor Sendra, que conviveu com Cícero no início dos anos 2000, ressaltou o grande movimento do MST em Campos.

– Campos teve grandes lideranças do MST, uma das maiores delas foi o Cícero, que quando bradava na praça estremecia a estrutura social das oligarquias. No mundo de hoje ele faz falta – considera Vitor.

Cícero trabalhou como pedreiro na obra de construção da UENF

O filho de Cícero, Mateus Guedes, lembrou que o pai tinha muito contato com as universidades e com a educação e informou que Cícero trabalhou como pedreiro na obra de construção da UENF.

– Ele sempre teve um carinho especial pela UENF. A carteira dele foi assinada como pedreiro da UENF. E meu pai sempre defendeu muito a causa dos estudantes e assumiu a causa do Restaurante Universitário da UENF. Tenho foto dele cozinhando para os alunos acampados aqui. Ele tinha um fusquinha. E um dia voltou para casa cheio de pneus no carro. Os pneus eram para os estudantes da UENF fecharem a BR-101 na luta pelo Bandejão. Foi aí que a sociedade tomou conhecimento dessa luta – conta Mateus.

O egresso do curso de Ciências Sociais da UENF, Fernando Sousa, que está produzindo um filme sobre Cícero Guedes, também falou sobre sua convivência com o homenageado.

– Tenho orgulho de fazer parte desta história. Estudei de 2005 a 2010 na UENF e participei da luta pelo Restaurante Universitário junto ao Cícero e outros estudantes, quando estivemos acampados em 2006 e 2008 e no fechamento da BR. Mais do que a luta pelo Bandejão, a importância do Cícero é enorme. Infelizmente em 2013 o Cícero foi assassinado na luta pela terra – recorda Fernando.

Cícero Guedes nasceu em União dos Palmares, Alagoas, e veio para Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, na década de 1990. Próximo aos 40 anos de idade foi alfabetizado e o primeiro livro que leu foi “Brava Gente”, do MST.

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