UENF debate “Assédio no ambiente de trabalho”  

Professores, servidores e estudantes da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) se reuniram na tarde da última sexta-feira, 30/09/22, no Centro de Convenções Oscar Niemeyer, para uma mesa-redonda sobre o tema “Assédio no Ambiente de Trabalho”. O evento foi organizado pela Vice-Reitoria e pela Gerência de Recursos Humanos (GRH) da UENF.  

A mesa foi mediada pela doutora em Psicologia Organizacional e do Trabalho Anizaura Souza e teve como palestrantes o juiz do Trabalho Cláudio Freitas, a psicóloga e doutora em Cognição e Linguagem Gisele Pessin e o professor Geraldo Timóteo (LEEA-UENF). O reitor da UENF, Raul Palacio, e a vice-reitora, Rosana Rodrigues, participaram do evento. Raul frisou a importância de se discutir o assunto para que as pessoas saibam identificar e saber o que fazer nessas situações.  

Em sua fala, o professor Geraldo Timóteo lembrou que os espaços de trabalho devem ser de construção de relações de respeito, principalmente dentro da Universidade. Segundo ele, muitas vezes dentro da universidade a “famosa arrogância acadêmica” pode ferir o reconhecimento do outro, o que ele chamou de “racismo da inteligência”, em que o indivíduo que conseguiu determinado grau de formação se coloca como superior.  

Segundo o professor, o assédio pode se dar de forma sutil e muitas vezes passar despercebido. “Caracteriza-se pela insistência inconveniente, persistente e duradoura em relação a alguém, perseguindo, abordando ou cercando uma pessoa. Expor o empregado a situações humilhantes com objetivo de excluí-lo de suas funções”.  

Timóteo deu vários exemplos de assédio moral, como retirar a autonomia funcional do trabalhador, privá-lo do acesso aos instrumentos de trabalho, sonegar informações úteis para a realização das tarefas e criticar seu trabalho de modo exagerado. Também comentou sobre o assédio sexual, que acontece com insinuações explícitas ou veladas, promessas de tratamento diferenciado, chantagem para permanência ou promoção no emprego, convites impertinentes, entre outros. 

“É preciso constranger o constrangedor, impedir que ele se sinta bem por ter causado estrago na vida de alguém. Precisamos de espaços para denúncias, uma Ouvidoria e nos organizarmos por locais de trabalho”, sugeriu Timóteo. 

O juiz do Trabalho Cláudio Freitas ressaltou que é preciso conhecer para prevenir e reprimir. Ele lembrou de casos de assédio moral em que são exigidas do trabalhador metas incumpríveis, horas extras em excesso ou até mesmo quando se deixa de passar trabalho. Disse também que o assédio pode ser por parte dos próprios colegas de trabalho que estão na mesma posição funcional, o chamado assédio misto.  

“Há casos em que a pessoa é colocada na “geladeira”, como é o caso, por exemplo, de um trabalhador que veio readaptado e se sente excluído. O trabalhador vai até um ponto que pede para sair, pede demissão. Aí dizem que não é tão forte. Tem aquele que aguenta firme e adoece de forma a não conseguir voltar mais ao trabalho. Assédio moral não é brincadeira”, afirmou o juiz.  

Danos à saúde – De acordo com a psicóloga Gisele Pessin, o assédio pode ter sérias consequências para a saúde, causando estresse, depressão, distúrbios psicossomáticos e estresse pós-traumático.  

“A patologia surge quando o sofrimento já não pode ser contornado pelo sujeito: quando ele já usou todos os seus recursos intelectuais e psicoafetivos para lidar com a atividade e com as demandas impostas pela organização e percebe que nada pode fazer para se adaptar ou para transformar o trabalho”, explicou a psicóloga, ao citar o especialista em Medicina do Trabalho e em Psiquiatria e Psicanalista, Christophe Dejours. “Quem perdeu o emprego, quem não consegue empregar-se ou reempregar-se e passa pelo processo de dessocialização, sofre”, finalizou a Psicóloga.   

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