Um projeto da UENF aprovado recentemente pelo Programa de Apoio à Jovem Cientista Mulher do Estado do Rio de Janeiro irá acompanhar a qualidade higiênico-sanitária do leite cru coletado em diferentes tanques de refrigeração do município de Campos dos Goytacazes. A responsável pelo projeto é a professora da UENF Luana Pereira de Moraes, do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), com pós-doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV.
De acordo com a professora, o trabalho de pesquisa surgiu após uma parceria com o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) da Secretaria de Agricultura de Campos dos Goytacazes, onde no projeto Jovem Cientista do Nosso Estado – aprovado em 2022, a equipe visita os laticínios do município, acompanha a qualidade dos queijos e também presta assistência aos pequenos produtores e estabelecimentos cadastrados no SIM. Na ocasião, foi observada a necessidade de boas práticas em toda a cadeia produtiva com Boas Práticas de Manejo (BPM), principalmente durante a ordenha, para um melhor controle de qualidade da matéria-prima adquirida.
— Estamos vivendo um momento em que as pessoas estão buscando qualidade de vida, seja emocional, física e/ou nutricional. Nosso trabalho é realizar análises físico-químicas e microbiológicas da matéria-prima coletada e os resultados auxiliam no fornecimento de um produto de qualidade para o consumidor — destaca a professora.
Risco de contaminação – Os pesquisadores do setor de alimentos realizam análises microbiológicas em queijo, como: Salmonella Estafilococos coagulase positiva/g; Escherichia coli/g; Listeria monocytogenes e irão iniciar a análise de Enterotoxinas estafilocócicas. Além disso, também há as análises físico-químicas, como: proteínas, carboidratos, umidade, gordura, entre outras.
Nesse novo projeto, o foco será o leite cru refrigerado armazenado em tanques de refrigeração do Programa Campos Leite. São elas: características sensoriais, análises microbiológicas, análises físico químicas, detecção de neutralizantes da Acidez e reconstituintes de densidade, presença de conservadores, entre outras.
— É importante lembrar que alguns microrganismos são patogênicos, causando infecções e intoxicações de origem alimentar que vão de casos isolados a surtos, podendo levar a morte. Além de todas as análises, é realizada uma averiguação das condições higiênico-sanitárias dos locais visitados e os resultados são retornados juntamente com a capacitação, sempre com o objetivo de mostrar a importância da adoção de boas práticas de fabricação em todo processamento, da matéria-prima ao produto final, e sua relação com o fornecimento ao consumidor de um produto com qualidade — enfatiza a docente.
Os projetos envolvem professores e discentes de mestrado, iniciação científica, jovens talentos, estagiário e bolsista de treinamento e capacitação técnica. Também contam com a parceria do Setor de Microbiologia Industrial e de Alimentos, Setor de Química de Alimentos e Setor de Nutrição e Análise de Alimentos para a execução das análises.
Dicas aos consumidores
– Verificar se o local de armazenamento do estabelecimento está ligado à energia para manter o produto refrigerado ou congelado;
– Verificar se o equipamento de armazenamento está íntegro, se está faltando alguma porta;
– Verificar a embalagem, se ela está íntegra, com rótulo, lote e prazo de validade;
– O rótulo deverá auxiliar o consumidor sobre os ingredientes constituintes na formulação do produto;
– Observar o asseio do atendente (avental de cor clara e limpo, unhas cortadas, máscara — caso tenha barba — touca e camisa de manga);
– A conversa entre os atendentes deve ser evitada, sendo uma fonte de contaminação do alimento;
– Os utensílios utilizados durante o atendimento devem ser individualizados, não podendo ser utilizados para manipulação de produtos diferentes, evitando dessa forma a contaminação cruzada;
– Produtos com o selo inspeção – SIM (Serviço de Inspeção Municipal), SIE (Serviço de Inspeção Estadual) ou SIF (Serviço de Inspeção Federal) oferecem maior segurança ao consumidor por informarem os responsáveis da área que fiscalizam as empresas produtoras de alimentos;
– Não lavar o queijo, pois isso aumenta o risco de contaminação;
– Armazenar os produtos em potes com tampa dentro da geladeira;
– Manter a geladeira organizada e limpa;
– Evitar conversas paralelas perto dos locais onde os alimentos são ofertados;
– Manter os cabelos presos em locais onde há alimentos expostos;
– Caso desista de algum alimento, é importante devolvê-lo ao local correto (não o abandone em qualquer local do supermercado);
– Não aperte o alimento para ver se está firme;
– Não abra a embalagem no supermercado, mantenha a-a íntegra;
– Tenha cuidado durante a manipulação dos alimentos e com a higiene do ambiente em sua casa. O consumidor também pode ser uma fonte de contaminação, seja através do cabelo como das suas mãos, unhas, fala, etc.